A Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), instância superior do Ministério Público (MP) no Estado de São Paulo, foi acionada ao procedimento investigatório contra o ex-bispo da Diocese de Limeira, dom Vilson Dias de Oliveira. A intervenção da PGJ no caso foi solicitada, em agosto, para requerer colaboração do Núncio Apostólico no Brasil junto ao Vaticano, onde também tramita a investigação da Igreja Católica sobre dom Vilson.
Antes disso, houve tentativa, sem sucesso, de intermediação do Ministério das Relações Exteriores. O MP, então, foi orientado pelo Centro de Apoio Operacional (CAOCRIM) a buscar a via diplomática para acesso aos autos da Santa Sé por meio da provocação da Nunciatura Apostólica, um alto nível das missões diplomáticas da Santa Sé.
Núncio Apostólico é como um embaixador da Santa Sé no país a que foi designado. O arcebispo Dom Giambattista Diquattro é o atual titular; foi nomeado em agosto pelo papa Francisco para assumir o lugar do então Núncio brasileiro, Dom Giovanni D’aniello, que foi enviado à Rússia. Dom Giambattista veio da Índia.
Na investigação que tramita na Comarca de Limeira, sob o comando do Ministério Público, o pedido de intervenção da PGJ é que seja confirmada a investigação de dom Vilson pela Santa Sé; para verificação sobre a condução do caso nos termos do Código Canônico (leis da Igreja Católica) e também para o envio dos autos para contribuição da investigação criminal.
Neste procedimento, há informações de fiéis e padres de que dom Vilson estaria ocultando diversos crimes praticados pelo padre Pedro Leandro Ricardo, de Americana, também alvo de outras investigações.
As informações ainda indicam que o ex-bispo extorquiu padres, exigindo dinheiro para fins particulares. Para o MP, é imprescindível que o Vaticano colabore com o compartilhamento da investigação própria.
Em 30 de janeiro deste ano, o atual bispo da Diocese de Limeira, dom Roberto Fortes Palau, confirmou à Rádio Educadora que toda a apuração feita pela igreja foi encaminhada ao Vaticano. É a Congregação para a Doutrina da Fé (constituída por um Colégio de Membros – Cardeais e Bispos), que vai julgar o caso na competência da Igreja Católica.
O escândalo envolvendo dom Vilson Dias de Oliveira estourou no início de 2019 com denúncias de supostas extorsões a padres e acobertamento de abusos de menores. Em maio do ano passado, dom Vilson renunciou ao cargo e o Vaticano aceitou, tornando-o bispo emérito (aposentado).
O DJ não localizou o ex-bispo. Em contato com a Diocese de Limeira para falar das providências adotadas até o momento, a informação da assessoria de imprensa é que dom Roberto está em compromissos com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e, por enquanto, entrevistas estão suspensas.
Foto: CNBB
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