Napoleão: o novo épico de Ridley Scott

Por Farid Zaine
@farid.cultura

Sempre fui muito fã de Ridley Scott. Seu filme de ficção científica “Blade Runner – O Caçador de Androides”, de 1982, está na minha lista dos melhores de todos os tempos. “Thelma e Louise”, de 1991, é um dos meus favoritos dentre os títulos da extensa filmografia de Scott, juntamente com os já clássicos “Alien – O 8º Passageiro” (1979) e “Gladiador” (2000), este último vencedor do Oscar 2001 de Melhor filme, com mais 4 estatuetas, mas o diretor nunca ganhou o prêmio, embora tenha sido indicado três vezes. Tudo bem, pois gigantes como Chaplin, Hitchcock , Stanley Kubrick e outros grandes também nunca ganharam. Dos mais recentes filmes de Scott gostei muito de “O Último Duelo” e nem tanto de “Casa Gucci”.

E agora chega aos cinemas a ambiciosa produção histórica “Napoleão”, tendo como protagonista o grande Joaquin Phoenix, embora em momento não muito inspirado. Dizer que “Napoleão” é dos melhores filmes do diretor não está certo, assim como não está certo dizer que é um mau filme. Longe disso.

Estreado com grande expectativa no mundo todo, “Napoleão” tem atraído bom público, principalmente pelo fascínio exercido pela figura do estrategista militar que se tornou Imperador da França e se lançou à conquista do mundo, tendo espetaculares vitórias em batalhas monumentais até ser definitivamente derrotado na Batalha de Waterloo, em 1815, após desastrosa campanha na Rússia iniciada em 1812. Aliás, o fracasso das tropas francesas de Napoleão na Rússia é celebrado na obra “Abertura 1812”, de Tchaikovsky, composta para a inauguração da Exposição Universal das Artes, realizada em Moscou em 1882.

Ridley Scott caprichou no uso do orçamento milionário para “Napoleão”. Vê-se com clareza o quanto foi preciso gastar para a reconstituição de época e principalmente para dar credibilidade às grandiosas cenas de guerra que ocupam boa parte das quase três horas de duração do longa. A Batalha de Austerlitz , em que Bonaparte manda canhões atirarem sobre um lago congelado por onde soldados russos fugiam, o gelo se rompendo e centenas de homens afundando  e morrendo, é um dos momentos mais dramáticos e de grande esmero técnico. Contudo, o que move o filme é o romance entre Napoleão e Josephine, seu grande amor. Contrapondo-se à atuação contida de Phoenix, Vanessa Kirby dá show permanente na pela da Imperatriz que colocou a seus pés um dos maiores estrategistas militares da história. Kirby rouba a cena e já é uma potencial indicada ao Oscar 2024.

“Napoleão” , de Ridley Scott, merece ser visto numa sala que valorize suas qualidades técnicas , que são muitas, especialmente nos quesitos fotografia, som e efeitos visuais. Quem quiser aguardar para ver no streaming, já se divulga que a Apple TV+ disponibilizará uma versão de 4 horas, para o já longo filme em cartaz nos cinemas, mas a data ainda não foi anunciada. Prefiro, sempre, indicar uma ida ao cinema, onde o filme  pode ser visto tal qual foi concebido. Legendado, naturalmente.

NAPOLEÃO : Longa de Ridley Scott (2023), com Joaquin Phoenix e Vanessa Kirby. Em cartaz nos cinemas e brevemente na Apple TV+.

Cotação: ****MUITO BOM

Foto: Reprodução

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