JURASSIC WORLD: o fim é o domínio?

por Farid Zaine
@farid.cultura

Em 1993, o gênio Steven Spielberg, com sua criatividade inesgotável e seu faro imbatível para a criação de blockbusters, deu início a uma das cinesséries mais apaixonantes e lucrativas da história do cinema. Nascia “Jurassic Park”, a partir do livro homônimo de Michael Crichton. Como cinéfilo e formado em biologia, fiquei imediatamente fascinado.

A ideia do DNA de dinossauros, conservado numa resina, e no presente podendo ser o gerador de criaturas extintas há milhões de anos, era plausível e extremamente interessante. Não deu outra: o impacto de “Jurassic Park” foi imenso, e o sucesso estrondoso foi imediato. Nunca vou me esquecer da belíssima cena em que os pesquisadores Alan Grant e Ellie Sattler, vividos por Sam Neil e Laura Dern , veem aqueles gigantes serenos comendo folhas de altas árvores.

Todo mundo sentiu que nascia ali um caso de amor duradouro com aqueles bichos enormes, por mais assustadores que tenham sido imaginados na sua criação. E, naturalmente, quando se mexe com o curso normal da natureza, também sabemos que algo não vai dar muito certo. É o tempero que as grandes aventuras usam com sabedoria e esperteza. Obviamente, uma imensa indústria paralela foi forjada de imediato, com o comércio de tudo o que se possa imaginar – de bonecos a camisetas, de revistas e livros a games – a respeito do mundo das mais diversas espécies desses répteis que povoaram a terra em remotíssimo passado.

Pois bem, seguiram-se continuações igualmente bem-sucedidas nas bilheterias, formando uma trilogia completada em 2001.

Em 2015 a história continuou com um novo título: “Jurassic World- O Mundo dos Dinossauros”, continuada com “Jurassic World – Reino Ameaçado” em 2018, e agora com a estreia de “Jurassic World – Domínio”.

“Domínio” chega com forte campanha publicitária e já com cara de arrasa-quarteirões. A dupla lançada no primeiro exemplar da nova trilogia, Owen (Chris Pratt ) e Claire (Bryce Dallas Howard), está presente agora também, mas junto aos ícones que marcaram a estreia da franquia, os que apareceram como protagonistas do começo da história: Sam Neil, Laura Dern e Jeff Goldblum, o Dr. Ian Malcom. Uma jogada inteligente para “fechar” essa fantástica e espetacular aventura, até que ela renasça de alguma forma. A nostálgica presença do trio juntando-se à dupla Claire-Owen é um acerto a ser comemorado.

“Jurassic World – Domínio” traz de volta à direção Colin Trevorrow, que se deu bem em “O Mundo dos Dinossauros”, e neste terceiro filme assina também parte do roteiro. Com forte apelo ecológico e de denúncias, Trevorrow está à vontade na condução de um longa bastante movimentado, com boa história, efeitos especiais magníficos, trilha sonora poderosa de Michael Giacchino, lembrando o tema inesquecível de John Williams, e cenas agitadíssimas.

Já vimos perseguições urbanas de carros com motos, trens, aviões, helicópteros, e agora acrescentem-se dinossauros raivosos e rápidos em cenas velozes por ruas estreitas da Ilha de Malta. Uma sequência com Chris Pratt em fuga, pilotando uma moto , mas poderia ser Tom Cruise em alguma missão impossível…

Não dá para acreditar que o final da trilogia “Jurassic World” signifique realmente o encerramento da saga. Daqui a algum tempo, em outra trilogia, veremos o que o ser humano fez com os répteis pré-históricos reconstruídos pela engenharia genética e outros seres vivos usados em experimentações perigosas? Talvez surja uma nova série com um olhar generoso sobre a ciência e sua contribuição à convivência pacífica entre todas as espécies, incluindo esses gigantes campeões de bilheteria.

Jurassic World: Domínio – EUA, 2022 , 147 minutos – Direção de Colin Trevorrow – nos cinemas
Cotação: ****MUITO BOM

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