Caramelo, uma joia libanesa

por Farid Zaine
@farid.cultura

Nestes tempos em que vivemos, bombardeados por ofertas de plataformas de streaming, as atenções caem principalmente sobre as mais poderosas, como Netflix, HBO Max, Amazon Prime, Apple+, Globoplay… mas cinéfilos incuráveis descobrem muitas opções onde poderão encontrar pérolas que nem sempre são disponibilizadas em outras plataformas. É o caso de Belas Artes à La Carte, dedicada a produções que geralmente levam o selo “filme de arte”, como são  classificados os  filmes de autor, com qualidade artística comprovada pela crítica.

No Belas Artes à La Carte encontrei “Caramelo”, de Nadine Labaki, atriz , diretora e roteirista libanesa . Labaki , uma mulher talentosa e exuberante nos seus quase cinquenta anos, já nos deu o maravilhoso “Cafarnaum”, finalista do Oscar 2019 na categoria de melhor filme internacional. Logo abaixo falo mais desse filme.

“Caramelo” traz Nadine Labaki na direção e interpretando uma das personagens, todas mulheres moradoras de Beirute. Ela é apaixonada por sua cidade e sempre declara isso. “Caramelo” é uma comédia dramática que explora o cotidiano de 5 mulheres na capital libanesa. A história gira em torno de um salão de beleza cuja dona é Layale, interpretada pela diretora Labaki. Ali as vidas dessas mulheres são expostas de forma leve e nos conduzem a um olhar nem sempre possível sobre o dia a dia em Beirute, já que as notícias chegadas de lá sempre estão ligadas a guerras no oriente.

Nadine Labaki mostra, com as histórias dessas mulheres, que no fundo tudo é igual, quando se trata da procura da felicidade, da melhor forma de viver, das relações humanas e de como lidar com frustrações sem perder a esperança. “Caramelo” foi lançado em 2007, quando a diretora construiu seu elenco com atores não profissionais, escolhidos por ela em suas andanças por Beirute e no seu círculo de amizades. Ela queria muito realismo para contar as histórias dessas mulheres libanesas, e mostrar o quanto  elas  são universais. Conseguiu, contando os acontecimentos nas vidas de uma mulher, Layale, que se relaciona com um homem casado, de outra, Rima, que demora a assumir sua homossexualidade, e  de Rose, que deixa de viver a própria vida para cuidar da irmã mais velha e cheia de problemas. Temos ainda Nisrine, que está noiva e já não é virgem, e tem dificuldades em contar ao noivo sobre seu passado, num país ainda machista e conservador, e Jamale, que enfrenta o medo de envelhecer. 

“Caramelo” tem esse nome por causa da prática usada no salão de beleza de Layale, que é a depilação feita com caramelo quente. É nesse salão que as histórias dessas 5 mulheres se cruzarão, dando charme e emoção ao longa.

Já “Cafarnaum”, que veio muito tempo depois,  mostra outro lado de Beirute. Fiquei muito impressionado com o filme no seu lançamento , já comentado aqui neste espaço. Em 2019, “Cafarnaum” só não levou o Oscar de Melhor Filme Internacional, porque era o ano de “Roma”, a obra-prima mexicana de Alfonso Cuarón.

Então, fica a sugestão para que os leitores que ainda não conhecem o cinema libanês, comecem por apreciar a obra de Nadine Labaki, atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros como atriz no longa “1982”, que comentaremos brevemente.

“Caramelo” – escrito , interpretado e dirigido por Nadine Labaki – Disponível no Belas Artes à La Carte.

Cotação: ****MUITO BOM

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