‘Evento extraordinário’ deixou 24 mil clientes sem energia em Limeira, diz Elektro

Representantes da concessionária Elektro estiveram na Câmara Municipal de Limeira, na tarde desta terça-feira (07/11), para prestar esclarecimentos sobre a falta de energia elétrica registrada na última semana. Os depoimentos foram prestados à CPI aberta para apurar a Prefeitura de Limeira quanto à qualidade dos serviços prestados pela concessionária.

A Elektro foi representada por William Mantovani (superintendente de operações), Fábio Costa (gerente de Relações Institucionais) e Fábio Gonçalves de Lima (gerente de operação em Limeira). A CPI é composta pelos vereadores Elias Barbosa (Podemos), presidente; Jorge de Freitas (PSD), relator; Isabelly Carvalho (PT), vice-presidente; Lu Bogo (PL), secretária; e Marco Xavier (Cidadania), membro.

Aos vereadores, eles disseram que as chuvas de terça-feira (31/10) e sexta-feira (03/11) foram atípicas e classificadas como “eventos extraordinários”. Na terça, a forte chuva veio acompanhada de rajadas de ventos de até 90 km/h, quando o normal é 40 km/h. Mais de 50 árvores caíram. “Isso tudo estressou o sistema elétrico”, explicaram. Naquele dia, às 16h, 21 mil clientes ficaram sem energia em Limeira, o equivalente a 14% do total de clientes. Em 24 horas, o número baixou para 7 mil. A normalização só ocorreu no feriado, 2 de novembro, 51 horas depois do vendaval.

Na sexta-feira (03/11), a situação foi pior. Uma tempestade ocupou faixa de aproximadamente 400 km e atingiu diversas regiões do Estado ao mesmo tempo. “Tenho 30 anos de empresa e nunca vi nada igual”, disse Fábio Lima. A ventania chegou a 111 km/h – ventos acima de 103 são considerados “tempestades violentas”, que ficam logo abaixo na escala de equivalência dos furacões, que é a partir dos 118 km/h.

Naquela tarde, 24 mil clientes ficaram sem energia em Limeira. Em 24h, a Elektro já tinha restabelecido 54% deste total. Em 70h, 98% dos clientes tinham energia nesta segunda-feira (06). Os representantes disseram que telhados e árvores inteiras caíram nas redes, e postes quebraram. “Infelizmente, não conseguimos atender todos devido a proporção do que aconteceu. Temos uma lista de prioridades, como hospitais e serviços de saúde. Foram mais de 100 colaboradores atuando no restabelecimento da energia e mais de 900 ocorrências atendidas desde terça. O que aconteceu não é o padrão de atendimento da Elektro. Em média, o limeirense fica desligado 4 horas por ano. A meta da Aneel é de 6 horas e queremos reduzir para 2 horas”, esclareceram.

Queixas da população

Os vereadores aprovaram a oitiva de diversos moradores que compareceram à Câmara para relatar seus dramas. Helena Giorgetti Coutinho, moradora do Bairro dos Pires, disse que a falta de energia no local é recorrente. “São oscilações e quedas bruscas. Perdi muitas geladeiras e freezer. A Elektro precisa ter um plano de emergência e aumentar as equipes de atendimento. Certa vez, fiquei 72 horas sem energia após um galho cair em um cabo. Na última semana, ficamos 48 horas sem energia após o vendaval de terça. Na sexta-feira, a energia parou e só voltou no domingo à noite. Não é só a perda material, mas também a intranquilidade”, relatou.

Pedro Alves também falou em problema recorrente de quedas. Relatou novas oscilações na manhã desta terça-feira (07/11), que trazem riscos a equipamentos domésticos. Marcos Cruz Fernandes disse que nunca viu uma situação tão drástica quanto a atual. “Se quebra um fio e precisar da Elektro, é uma penitência”, se queixou. Já Daniela Bonilha disse que perdeu quatro freezeres desde dezembro e citou que os cavalos, na zona rural, ficaram sem água em decorrência da interrupção de energia.

Juliana Cristóvão mora em chácara, citou diversas oscilações na rede e os dramas enfrentados por pessoas com problemas de saúde no seu condomínio. “Nós precisamos de providências, do funcionário a rede de energia e a poda preventiva, que não é bem feita”.

Raimundo Nonato Alves também relatou a ausência de energia em seu condomínio. Entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro, foram mais de 40 horas. Depois do vendaval do dia 3, outras 52 horas. “O site não atende, 0800 não atende, notificação não adianta. Isso não pode acontecer”. Valmir Amaral Duca confirmou a existência de problemas há tempos no seu bairro rural. “Na área rural, a Prefeitura não faz poda e a Elektro diz que não é responsabilidade dela”, explicou. Ele pediu a criação de um canal para atendimento de queixas em Limeira.

Edna Aparecia Nepomuceno, presidente de associação de condomínio de chácaras, relatou que as queixas são inúmeras com as quedas de energia e falta de água nos poços artesianos. “Foi muito triste ver as pessoas perdendo alimentos e medicação que precisa ser armazenada na geladeira. A Elektro está despreparada para nos atender, precisamos de uma reorganização melhor”, disse.

Os representantes da Elektro disseram que vão analisar cada queixa apresentada na CPI.

A convite dos vereadores, a advogada Mara Isa Mattos Silveira, coordenadora do Procon de Limeira, participou da reunião e explicou, desde 2020, o órgão registrou 108 atendimentos relativos à Elektro. Ela acredita que esse número deve aumentar nas próximas semanas em razão dos problemas decorrentes das interrupções de energia elétrica registradas nos últimos dias em Limeira.

Mara Isa esclareceu a atuação do Procon em âmbito administrativo e reforçou que todas as empresas de distribuição de energia no Estado de São Paulo serão notificadas a prestar informações sobre o problema do último final de semana, inclusive a concessionária responsável pelo serviço no município.

Foto: Reprodução

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