Com negócios em Limeira, chefe da “biqueira do milhão” em Bauru é condenado

A Justiça de Bauru julgou na última segunda-feira (21) a ação penal por tráfico de drogas contra nove réus acusados de administrar a “biqueira do milhão” no Parque Real, em Bauru. Um deles, tido pelo Ministério Público (MP) como dono do ponto, tem negócios em Limeira e chegou a residir na cidade por algum tempo. A defesa nega as acusações e alega perseguição policial.

Para chegar à identificação dos réus, a Polícia Civil cita no inquérito que fez minucioso trabalho de investigação para apurar uma das principais células criminosas de Bauru e que detinha o maior ponto de venda de entorpecentes da cidade, conhecido como “biqueira do milhão”. O nome, conforme os policiais, é em alusão ao alto faturamento com venda de entorpecentes. “Referido ponto de tráfico, onde também são vendidas porções de maconha e crack, localiza-se no Parque Real, bairro cuja geografia favorece as ações criminosas por parte dos denunciados, uma vez que o bairro possui apenas uma via de entrada de veículo; conta com pontos estratégicos com ‘olheiros’ e uma grande área de mata ao fundo, local onde armazenam as drogas e que serve como área de fuga e esconderijo dos traficantes”, consta nos autos.

Por meio de investigação em campo e também interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, os policiais identificaram e atribuem a chefia do local o réu R.P.M., que, segundo as investigações, não tem ocupação lícita e ostenta vida de luxo nas redes sociais. A apuração revelou que ele possui casas em condomínio, negócios em Limeira, bem como chácaras, e que ele teria assumido a propriedade do ponto após o falecimento de seu irmão, durante confronto com a Polícia Militar.

Nas ações de campo, os agentes viram ele deixando uma área de mata com droga bruta. “Pelo que descobriram, os acusados buscavam expulsar os moradores do bairro que não compactuavam com a prática dos ilícitos. Eles tinham uma ação cativante para as crianças, contratando, inclusive, brinquedos nos dias das crianças, porém, caso as pessoas não fossem coniventes com eles, eram expulsas do bairro”, consta no processo.

DEFESA
A defesa de R. requereu a absolvição dele pelo crime de tráfico de drogas por ausência de provas. Quanto ao outro delito, associação para o tráfico, afirmou que não há vínculo associativo.

Em juízo, o réu afirmou eu há alguns anos seus irmãos foram presos com R$ 200 mil, acusados de lavagem de dinheiro e foram absolvidos. Após isso, passaram a sofrer perseguição policial e que um dos irmãos morreu em ação policial da Força Tática.

Após o óbito, descreveu que seus familiares foram até a Corregedoria da PM e um dos agentes foi expulso e outros dois afastados. Mencionou que se mudou para Limeira durante um período para fugir da polícia e que quando visita o bairro é para ir à casa de sua mãe. “À época dos fatos, morava em Limeira, onde possui uma loja. Não conhece os demais corréus”, completou a defesa.

Referente a uma das fotos anexadas nos autos pela acusação, disse que é de uma confraternização que sempre ocorre no bairro, onde todos se reúnem para ajudar os demais moradores. Já referente aos carros identificados pelos policiais, concluiu que pertencem à esposa, que possui estabelecimento.

JULGAMENTO
A ação foi julgada pela juíza Érica Marcelina Cruz, da 1ª Vara Criminal de Bauru, que julgou parcialmente procedente a ação, absolvendo quatro réus e condenando os demais. R. pegou pena de 14 anos e seis meses de reclusão por tráfico e associação para o tráfico. Ele pode recorrer, mas não em liberdade.

Foto: Pixabay

Deixe uma resposta

Your email address will not be published.

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.