Ciesp, 40 anos em Limeira: união histórica se mantém frente aos desafios do pós-Covid

A unidade de Limeira do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) completa hoje, dia 19 de maio, 40 anos de história. A entidade começou suas primeiras reuniões em uma sala cedida pelo empresário Élcio Brigatto, na Associação Comercial e Industrial de Limeira (Acil), e hoje está instalada em sede própria, na Rua Joaquim Daniel dos Santos, 801, Vila Limeirânea, onde oferece apoio às empresas, promove capacitações, faz parcerias em benefício da coletividade por meio da educação.

O Ciesp Limeira é uma das 42 diretorias regionais, municipais e distritais, formando uma sólida estrutura a serviço de mais de 8 mil empresas associadas. A regional de Limeira abrange as cidades de Cordeirópolis, Engenheiro Coelho e Iracemápolis.

Nesta data especial, o DJ conversou com o diretor Jairo Ribeiro sobre diversos assuntos e, entre eles, os desafios para o setor, sendo o pós-Covid o maior deles.

A criação do Ciesp em Limeira veio da necessidade de se unir os industriais da região. Isso ocorreu no início da década de 80, um período marcado por recessão econômica, estagnação e superinflação. Quarenta anos depois, o que mudou em relação a essa união dos empresários face aos desafios atuais da economia?
A criação do Ciesp na década de 80 foi uma iniciativa do empresário Júlio Varga, que com empresários locais, trouxe a regional Limeira, que passou a ter um protagonismo muito interessante, importante e decisório na vida das indústrias de Limeira e região. Esse foi o objetivo que norteou a abertura. Abriu um canal porque, devido à distância tecnológica, dificuldade com telefone e até a dificuldade para viajar para São Paulo, a regional fez essa ponte muito bem feita.
O Brasil infelizmente vive altos e baixos não é de hoje. Essa relação foi se aprofundando cada vez mais, o número de associados e a representatividade da regional aumentaram e ela sempre foi se atualizando e acompanhando o desenvolvimento da economia, tanto antes quanto depois no plano real. As demandas são diversas, não apenas econômicas, e isso não inibiu, pelo contrário, expandiu as atividades e atuação do Ciesp perante as empresas de Limeira e região.

O Ciesp em Limeira vai muito além apenas da defesa dos interesses da indústria, mantendo contribuições à comunidade por meio de eventos, comitês e grupos de trabalho. Quais são estas ações e como o Ciesp vê essa participação social?
O Ciesp tem como prioridade defender os interesses das empresas e indústrias junto as diferentes esferas, sejam tributárias, econômicas e vários apoios e intervenções, considerando inclusive as relações com o governo. O Ciesp de Limeira tem uma atuação muito forte com os seus comitês de trabalho que atuam de forma dinâmica com a participação efetiva das empresas buscando soluções, melhorias e inovações, nas áreas de exportações, meio ambiente, energia elétrica, inovação e tecnologia, recursos humanos e vários temas que o Ciesp atua. Independente dos grupos de trabalho, é obrigação das empresas que estão inseridas dentro de uma comunidade, olhar para a parte social e o Ciesp tem tido uma atuação muito forte e ativa na segurança pública, na saúde, no meio ambiente e educação. São as áreas que mais nos envolvemos porque acreditamos que para a cidade ser desenvolvida, atrair empresas e aquelas que já estão aqui possam acolher seus funcionários, os filhos dos funcionários e as demais gerações é fundamental que essas áreas funcionem em perfeitas condições.

A Acil sempre atuou em conjunto com a Ciesp. Como funciona essa parceria e qual a importância dela?
Cada vez mais, e mais recentemente, sempre foram muito unidos porque os interesses são comuns, em prol e defesa da comunidade empresarial. A Acil tem um viés muito forte do sociativismo dos comerciantes, o que não é o caso do Ciesp. Aquilo que diz respeito às indústrias e empresas de maior porte são tratados na esfera do Ciesp. Entretanto, como as demandas – olhando toda a cidade e a comunidade empresarial – muitas vezes são similares, a Acil e o Ciesp trabalham lado a lado, como coirmãos, sempre em parceria, desprendidos de qualquer outro tipo de situação, como apego ao cargo ou à personalidade de quem esteja no comando de uma das casas. O objetivo é atender ao empresariado e isso tem sido feito ao longo dos anos de forma harmônica e equilibrada, que tem trazido grandes resultados para a comunidade limeirense, sendo, inclusive, um grande diferencial, pois não é assim em outras localizações do estado de São Paulo.

Limeira ganhou, em 2009, o segundo campus da Unicamp. O Ciesp mantém projetos em parceria com a universidade. Como funciona esse trabalho e como o Ciesp vê a oferta universitária em Limeira. Tem atendido às necessidades da indústria?
Sim, o Ciesp tem uma atuação muito forte junto à questão da educação, como foi falado, e não só com a Unicamp, como também com outras escolas técnicas, inclusive o nosso próprio Senai e Sesi. A entidade é muito atuante quando o assunto é educação e formação de mão obra para as nossas empresas, e tido uma relação muito próxima, principalmente com a Unicamp, naturalmente pela gama de cursos e o nível universitário dos que lá estudam, tentando fazer essa aproximação escola-empresa, onde sabemos que há um ganho significativo tanto para quem está estudando quanto para quem está empregando. Esse é um trabalho que vem ganhando corpo, de voluntariado de parte a parte, de interesse comum e tem dado grandes resultados para toda a comunidade empresarial e estudantil.
O Ciesp sempre está de portas abertas e promovendo essa integração, sendo inclusive um modelo para outras entidades que vem conhecer esse tipo de parceria para levar para outras cidades do interior do Estado.

Do ponto de vista econômico, Limeira é uma cidade privilegiada por ficar perto de um entroncamento viário. Mas os distritos industriais locais têm dificuldades em se transformarem em polos desenvolvidos. O que falta para Limeira atingir a plenitude em atrair empresas?
Limeira realmente tem uma localização geográfica espetacular, servida de grandes rodovias, as principais do Estado. Também tem uma gama muito diversificada de mão de obra especializada, de boa qualidade. É uma cidade que tem um bom nível de desenvolvimento; uma cidade que nós não temos muitas dificuldades, como vemos que há em outras cidades do interior. Entretanto, por uma questão de planejamento, no nosso entender, essa questão do distrito industrial não prezou pela técnica de escolher lugares que pudessem acomodar adequadamente as empresas. Muitos desses chamados distritos industriais ficaram logisticamente fora do eixo, ou até mesmo dentro de um eixo, mas sem a estrutura desejada e naturalmente que isso é observado por uma empresa quando quer ir para uma cidade. Mas eu acredito que não seja esse somente o ponto. A questão do distrito industrial é importante, mas hoje perde uma relevância por conta de que as empresas buscam cidades que ofereçam condições, segurança, estrutura hospitalar, escolar, e neste sentido Limeira oferece muito bem.
Acreditamos que um plano diretor agora que possa alocar as empresas em locais adequados, que não tenham dificuldade para licenciamento ambiental, problema logístico para os funcionários irem e virem, problemas com vizinhança, tudo isso ajuda para que as empresas consigam também se planejarem melhor. Limeira está com bastante distrito industrial, tem espaço e acreditamos que isso realmente, atualmente, não é uma prioridade.

No aspecto ambiental, em relação a descarte de resíduos, como o Ciesp vê a estrutura de Limeira? O aterro sanitário atende as necessidades dos industriais?
O aterro sanitário foi uma iniciativa de muitos anos atrás, do próprio Ciesp, de aglomerar algumas empresas da cidade, das que tinham necessidade do aterro, e se construiu este e, desde então, esse tema é muito sensível nas discussões internas do Ciesp. Reconhecemos a importância desse trabalho, a necessidade de alocar adequadamente os resíduos das indústrias, e Limeira tem também esse diferencial. Infelizmente, ainda há cidades onde o lixão é a céu aberto, sem nenhum tipo de tratamento ou controle, e estamos sempre atentos à esta demanda, fazendo o que é necessário, essa correlação das empresas com o poder público, com a Cetesb, e vice-versa, para que possamos dar vida útil e permitir que as fases sejam ampliadas e dê tranquilidade para que todos façam o descarte adequadamente os seus resíduos, sejam industriais ou de construção.

Alta carga tributária, forte concorrência internacional, uma pandemia global inédita no último século. Qual é, afinal, o principal desafio a ser superado pela indústria brasileira?
As empresas, de uma forma geral, vivem de desafios diários e a gente entende que a cada momento, a cada crise, esse nível de desafio se eleva, a qualidade da gestão tem que ser aprimorado, renovado, para que possa superar todas essas dificuldades que a própria economia e a globalização impõem. Hoje fica difícil falar qual é o principal desafio. Ainda estamos atravessando um momento com incógnitas, com algumas perguntas sem respostas sobre o andamento da pandemia, mas com certeza é uma situação que tem trazido vários desafios ao mesmo tempo.
E o Ciesp está atento sempre a essas demandas e tem feito a ponte com o governo, com as entidades que podem orientar, treinar para que a gente possa se adaptar a essa nova realidade. Então, não tem como destacar um ou outro desafio porque agora eles são múltiplos. Agora estamos enfrentando um problema inédito, de uma alta considerável de preços por conta de uma demanda mundial. Isso tem causadao escassez de matéria prima, mas o mais importante que vejo é como ajustar esse comportamento das pessoas no pós-Covid.
Acreditamos que esse seja o maior desafio do momento porque este cenário mudou bastante e temos convicção de que a volta seria encontrarmos, como está comum dizer, um “novo normal”. Esta é a grande pergunta a qual queremos ouvir a grande resposta.

Jairo Ribeiro, diretor do Ciesp Limeira

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