Após quase 16 anos, assentamento de Limeira recebe energia elétrica

Passaram-se quase 16 anos para que dezenas de famílias do assentamento Elizabeth Teixeira, nas proximidades do Horto Florestal de Limeira, pudessem acender lâmpadas ou ter os mantimentos refrigerados por meio de energia elétrica. Nesta sexta-feira (10), foram ligadas as primeiras unidades consumidoras.

Até este momento, foram longas discussões administrativas e judiciais. Numa das últimas decisões, em setembro do ano passado, do desembargador Claudio Hamilton, da 25ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, foi ressaltada a dignidade humana para rejeitar recurso da Elektro (leia aqui). Teve também pronunciamento do presidente da comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputado estadual Emídio de Souza (leia aqui).

No final do ano passado, postes começaram a ser instalados e, ontem, Elisdete Dayse de Souza Beckman, moradora do assentamento Elizabeth Teixeira, disse: “Nosso sentimento após quase 16 anos é de que não se pode desistir no meio do caminho. Vale à pena tentar outra vez, acreditar que é possível e, sobretudo, de que apesar da demora, a Justiça foi feita”.

Ela relatou que a busca pelo Judiciário foi para fazer valer o direito “de ter o mínimo para viver de maneira digna, de ter uma geladeira, poder tomar água gelada e até de fazer uma gelatina para os filhos em casa. Em 2012 meu filho que tinha apenas 6 anos de idade, me fez um pedido: ‘Mãe, eu queria tanto uma coisa. Meu amigo da escola disse que a mãe dele faz uma coisa que chama gelatina’. Na verdade, ele nem sabia ao certo o que era e eu disse compraria. Ele respondeu: ‘Não mãe, mas ele disse que a mãe dele fez uma e que ela coloca na geladeira e fica pronta. É fácil mãe'”, relatou.

Elisdete disse que se sentiu muito mal porque não podia atender a um desejo tão simples do filho. “Mas agora todas as mães do assentamento poderão fazer não apenas gelatina, mas poderão armazenar seus alimentos e oferecer o melhor para suas crianças. Meu desejo, é que nenhuma mãe tenha que passar por isso novamente, que nenhum ser humano sofra tal negligência, e principalmente que essa seja apenas a primeira de muitas conquistas do Assentamento Elizabeth Teixeira”. Luzia Mançano, outra moradora, abraçou a geladeira ligada.

Ontem, 6 casas receberam a energia. Serão 5 por dia até o final.

Foto: Divulgação

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