Um pouco do cenário político

Por João Geraldo Lopes Gonçalves

O mito israelense

Benjamim Netanyahu comanda o Estado de Israel há décadas, como primeiro-ministro. Nas vezes em que não esteve no cargo, foram contingências de correlação de forças que, no sistema parlamentarista, o retirou do poder. E em todas as vezes que sua ausência foi notada, a paz no Oriente Médio reinou, mesmo que frágil.

Antes do ataque terrorista do Hamas, Netanyahu era dado como certo estar fora do governo, tudo indicava que tinha perdido maioria no parlamento e a oposição já previa processá-lo por corrupção e outros crimes. Mas foi salvo pelo gongo.

A guerra declarada à Palestina, após os ataques do Hamas, o recolocou à frente no poder. A própria oposição avaliou demiti-lo do cargo naquele cenário aprofundaria uma crise sem precedentes. Sem falar que parte dela, a oposição, defende a intervenção em Gaza e na Cisjordânia.

De impopular, o primeiro-ministro volta ao topo e setores fundamentalistas e de extrema-direita já o chamam de mito e de novo líder deles. Até o inelegível Jair Bolsonaro voltou a defender Netanyahu em seus discursos pelo Brasil afora. Israel, com ele, torna-se o carrasco da população palestina. Escolhida já no primeiro dia da Guerra como o Eixo do Mal, repetindo Bush filho em 2001.

Após um mês de guerra, o que se vê, mesmo com parte dos veículos de comunicação escandalosamente defendendo a intervenção israelita em Gaza, é o massacre de civis por forças de Israel, falta de água, luz, alimentos e por aí vai.

O exército de Netanyahu ocupou a faixa de Gaza e diz que não haverá pausa humanitária, se o Hamas mantiver reféns. Ora, e os estrangeiros presos em Gaza, como os Brasileiros, proibidos de serem resgatados? Não são reféns?

Benjamim Netanyahu é, hoje, o principal Senhor da Guerra.

A Reforma Tributária possível?

Se tem um assunto tão comentado há séculos no Brasil, são os impostos cobrados pelos entes da Federação. Desde que Cabral aportou por aqui, a cobrança de taxas sobre serviços prestados pelo Estado é adotada.

Desde lá a grita é geral contra cobranças abusivas e infindáveis categorias de imposto. Já escrevi aqui um papo entre com um trabalhador recentemente, em que ele defendia o fim das cobranças de imposto.

Penso que o convenci sobre a necessidade desta instituição, pois pela Constituição cabe ao Estado nos devolver em serviços, como Saúde, Educação, Transporte e outros o que pagamos de impostos.

Esta semana, finalmente, a tão esperada e cantada Reforma Tributária foi votada e aprovada no Senado Federal. Ela já tinha sido apreciada pela Câmara dos Deputados e faltavam os Senadores. Infelizmente, o texto só foi a plenário depois dos acordos de entrada do Centrão no governo.

Parece que o “dando que se recebe” continua sendo regra no Brasil e os políticos, como dizia o próprio Lula, de linhagem imperial continuando gostando do poder, desde Cabral.

Mas retornando à Reforma: desde a posse, o ministro da Fazenda Fernando Haddad, vem martelando a ideia da Reforma Tributária, que possa fomentar ainda mais a produção interna e de consumo, bem como facilitar a vida dos mais pobres. Tanto para os produtores pequenos e médios, tanto para os que privilegiam o setor de produção, e não de especulação.

Deveras que a quantidade, como já dissemos, de impostos cobrados no País está ficando vergonhosa. Além disso, igualar as alíquotas cobradas dos pequenos com os grandes, da produção em especial de bens de consumo como alimentos e essenciais como transportes, com a especulação financeira, é uma tremenda injustiça. Depois de muito debate, com empresários, trabalhadores e políticos, o governo envia ao Parlamento um texto que, embora não seja brilhante ou que encerre de vez o debate, inicia uma pequena revolução.

No frigir das contas, reduzimos as taxas a duas: uma federal e uma para Estados e Municípios, substituindo ICMS e ISS. Além disto, apresenta um teto de alíquota que não pode ultrapassar 27%. Vários setores, como o da Cesta Básica de Alimentos, terão zeradas as alíquotas.

O Governo Lula acredita no aumento da produção, na parada da quebradeira de empresas e a diminuição de produtos para o consumidor. Mas só isto basta? Na nossa visão, ainda falta a taxação dos mais ricos. Mas este é um debate que continua, né?

Privatizar é bom?

Na Ditadura Militar, o regime tinha quase tudo da economia estatizado. Ao contrário do que muitos diziam, os militares tinham uma visão estatizante do País, e ai até motéis, bares e restaurantes estavam na lista como Estatais.

Sempre defendemos que setores essenciais deveriam continuar nas mãos do Estado, e não essenciais serem vendidos. Por isto entendemos que erros como a venda da Vale do Rio Doce, empresas de energia e telefonia, bem como de abastecimento de água, são prejudiciais à população.

O interesse de um grupo privado sempre é o lucro. São raros os casos de empresas antes do Estado, que melhoraram seus serviços pós-privatização.

Dois episódios recentes ilustram bem nossa tese. Em São Paulo no mês passado, as linhas do metrô do Estado e a empresa Sabesp, de abastecimento de água, tiveram seus trabalhadores em greve, exatamente contrários à privatização do sistema.

O Governo de Tarcisio de Freitas, abertamente favorável as privatizações, não arredou o pé, e determinou que a população procurasse as linhas privadas do Metrô paulistano. Resultado: foi um desastre, as linhas privatizadas travaram, não funcionaram, deixando milhões de pessoas sem transporte.

O segundo episódio ainda está em andamento. Com os temporais que inundaram o Estado de São Paulo, problemas sérios no abastecimento de energia e água têm sido detectados. Em Limeira, para ficar neste exemplo, temos bairros inteiros que estão a mais de uma semana sem energia e, por consequência, sem água.

O Ministério Público vem cumprindo o seu papel e exigindo que as privatizadas regularizem o serviço, mas o esforço é em vão. Por outro lado, tanto a Prefeitura como o Governo do Estado não se manifestaram sobre o assunto.

Assim fica a pergunta que não quer calar: quais as vantagens das privatizações? Deixe seu comentário, será importante para nós.

A todas e a todos, um bom fim de semana.

João Geraldo Lopes Gonçalves, o Janjão, é escritor e consultor político e cultural.

Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar

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