Quem veio primeiro, a gambiarra ou o MacGyver?

por Fernando Bryan Frizzarin

Sou nascido a não muito tempo atrás. Eu acho que não, mas as pessoas acham que sim. Na verdade, é o Mundo que muda muito rápido já desde aquela época, e continua acelerando. Em 10, 20, 30 ou 40 anos é possível ter visto e experimentando, como se diz no popular, “uma porrada de coisas”.

Não tinha internet na minha infância e adolescência e não acho que isso seja qualquer sorte de vantagem. Também não se usava o cinto de segurança e nem era obrigatório usar capacete para motociclistas. Ainda bem que perceberam que, se o sujeito sofresse um acidente e morresse o problema era dele, mas se ficasse inválido o problema era nosso, com os gastos de pensões, SUS e um monte de recursos para algo que poderia ser evitado.

Lembro que era possível assistir desenho apenas no período da manhã, nos programas infantis matinais, ou olhando a partir de hoje, nem tão infantis assim, como Xou da Xuxa (que voltou às paradas), Angélica, Bozo e um sem-fim de outros.

Assistíamos um monte de coisas na TV, como novelas, e era divertido. Não havia a classificação etária dos programas e ninguém tinha consciência de qualquer impacto que isso poderia causar na criançada. Mas antes que você infira que essa é a origem das loucuras do Mundo, vá com calma! Toda geração tem seus malucos mais expoentes e hoje também tem os seus.

Também não tinha como querer desenho à tarde ou à noite. A programação era exclusivamente síncrona. Assistia-se o que estava sendo transmitido na hora e se você não conseguisse estar na frente da TV na mesma hora, perdeu. Lembre-se, não havia internet.

O grande fato é que, no final da década de 1970, a Rede Globo começou a exibir aos finais de tarde um programa chamado “Sessão Aventura”, que durou até o final da década de 1980.

Pergunte para seus pais ou avós: tinha a Super Máquina, Trovão Azul, Herbie – se meu Fusca falasse, Jogo Duplo e Duro na Queda, dos que me lembro de cabeça.

E a Globo, que na época já pensava que precisaria de assunto para o futuro, para poder mostrar no Domingão com o Luciano Huck e no Fantástico de 2023 o quadro “o brasileiro precisa ser estudado” transmitia a melhor série de todas essas, chamada “Profissão Perigo”, que começava com o riff de guitarra da música Tom Sawyer da banda Rush. Pare de ler agora. Vai no Youtube pesquisar a música para você sentir a vibe. (https://www.youtube.com/results?search_query=Tom+Sawyer+da+banda+Rush)

Nessa séria tinha um sujeito chamado MacGyver (leia Mágáivêr). Cara gente boa, ligado nas causas sociais e ambientais, de extrema inteligência e grande capacidade de improvisação. Ele era um ex-agente secreto do governo estadunidense e ajudava a combater os vilões mais caricatos possíveis.

O “problema” é que, como disse, sendo de exterma inteligência e grande capacidade de improvisação, quando se encontrava em uma encurralada em uma missão, conseguia a partir dos materiais mais simples e inesperados criar ferramentas e dispositivos para sair daquela situação. Traduzinho esse monte de blá-blá-blá em algo fácil de entender: criar uma GAMBIARRA que sempre dava certo!

Uma vez, quando o pneu do carro furou, usou uma agulha de crochê e uma rolha para tampar o buraco e encheu o pneu com vinagre e uma pedra (nahcolita) que tinha achado milagrosamente no caminho.

Em outra, com um disco de esmeril, carvão e um fósforo criou uma bomba para derrubar uma porta.

E por aí vai…

Uma ou duas gerações de nós cresceu assistindo e “aprendendo” com o MacGyver as crias coisas inusitadas e improvisadas e depois dizem que o brasileiro precisa ser estudado?! Errado! É que o brasileiro estudou! Inovador como sempre, antes mesmo do Telecurso e das aulas remotas já aprendia com a TV. Coisas boas e ruins. Em especial a GAMBIARRA.

Por isso que seu pai, e eu, usamos clips de papel, fita adesiva e bombril para fazer um monte de coisas ridículas que no final dão certo. Isso ficou incutido na cultura brasileira!

Tudo isso graças a TV Globo e ao MacGyver (https://www.youtube.com/watch?v=C_mXqMG3K0k) . Ou vai dizer o contrário?

Fernando Bryan Frizzarin é professor, escritor, inventor, é Gerente do Suporte Técnico da BluePex Cybersecurity S/A, Diretor Técnico e Operacional na Fábrica de Inovação de Limeira e professor do ensino superior nas FATECs Araras e Americana, SP. Formado em Ciência da Computação, Especialista em Redes, Psicopedagogo e MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação. Autor, coautor ou participante de vários livros na área de computação e literatura. Depositário de patente, marca e de diversos registros de programas de computador como autor ou coautor em cooperação com colegas de trabalho ou alunos. Membro imortal da Academia Mundial de Letras da Humanidade sucursal Limeira, SP. Foi laureado com o Diploma Pérola Byington da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste e Professor Universitário Inovador da Câmara Municipal de Limeira.

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