Pandemia deixa 2,5 mil alunos do ensino fundamental em Limeira com déficit de aprendizado

A pandemia do coronavírus, que provocou a suspensão das aulas presenciais e as adaptações de escolas, famílias e alunos para o formato online, elevou a quantidade de estudantes do ensino fundamental nos anos iniciais (1º ao 5º ano) com dificuldades graves de aprendizado em Limeira. A constatação é da própria Secretaria Municipal de Educação.

Até 2019, ano anterior à pandemia, o índice de alunos com defasagem era, em média, de 10%, total de 1.317 alunos. Em 2021, segundo ano da pandemia, aumentou para 2.537 crianças, com índice de 19%.

“Em função da pandemia, houve aumento no número de estudantes que apresentam severas defasagens de aprendizagem, pois as crianças não puderam participar presencialmente das aulas, sendo essa condição essencial para o bom desempenho escolar nesta fase inicial da aprendizagem”, avalia o secretário André Luis De Francesco em ofício que chegou ao gabinete do vereador Everton Ferreira (PSD).

Estratégias pedagógicas

Diante da constatação, a pasta traçou três estratégias pedagógicas diferentes, que correspondem a cada nível de defasagem. Aos estudantes com grave déficit, as escolas trabalharam ações intensivas e individualizadas.

Quando a defasagem do aluno é pontual, os professores retomam conteúdos específicos e consolidam conhecimentos já repassados em aula, além de criarem oportunidades adicionais de aprendizado. Se o aluno apresenta o nível adequado e esperado, a escola faz ações para ampliar o seu conhecimento.

Além das três diretrizes consideradas “macros”, as escolas da rede municipal de Limeira também foram orientadas a adotar outras ações para potencializar o aprendizado dos estudantes. A pasta cita três:

a) agrupamentos transitórios por nível de desempenho: método que permite organizar os estudantes, de forma temporária, com o objetivo de ensinar os conteúdos que não foram dominados. Por meio dele, o professor consegue oferecer um trabalho específico às dificuldades que os alunos apresentam;

b) grupos cooperativos: os alunos da classe são divididos em grupos, de três a quatro pessoas, com tarefas específicas. Este método, segundo a pasta, favorece a interação e o apoio uns aos outros. Cada aluno fica responsável em aprender e auxiliar o colega com mais dificuldades; e

c) tutoria: estudantes atuam como “co-professores”, ajudam a esclarecer dúvidas dos colegas e auxiliam nas atividades.

Reprovação

Nos dois primeiros anos da pandemia de Covid-19, a Secretaria se baseou em normas indicadas pelos Conselhos de Educação, tanto nacional quanto municipal, para não penalizar os estudantes com defasagem no aprendizado com a retenção.

Pela regra, o aluno pode ficar retido uma vez ao final do 1º ciclo (1º ao 5º ano, de responsabilidade do Município) ou do 2º ciclo (6º ao 9º ano, este de responsabilidade do Estado). A retenção, espécie de reprovação, precisa ser proposta pelo professor e apoiada por um professor-coordenador, além de ser analisada pelo conselho da escola.

Ações locais

A pandemia impactou o desempenho educacional dos estudantes mesmo com as ações adotadas pela Prefeitura de Limeira para amenizar seus efeitos. Ao longo do período de emergência sanitária, o município ofereceu kits pedagógicos, orientação à distância e canal de comunicação com as famílias.

“Esse impacto ocorreu, uma vez que estar na escola presencialmente é condição para o aprendizado nesta faixa etária [6 a 10 anos]”, avalia André no ofício. Outro apontamento é com relação ao vínculo com a escola. A secretaria promoveu busca ativa para evitar o abandono escolar. Nesta ação, o número de estudantes em situação de risco caiu de 1,7 mil em 2020 para 150 alunos no ano passado.

Este projeto de busca ativa rendeu para Limeira o primeiro lugar no concurso “Parcerias Municipais – Cases Inovadores 2022”, entregue em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes na noite de 22 de março passado.

O projeto limeirense foi batizado de “Nenhum estudante para trás: a experiência de busca ativa escolar do município de Limeira” e foi inscrito na categoria “Universalizar o acesso à pré-escola”. Como prêmio, Limeira recebeu R$ 500 mil, que serão aplicados em projetos educacionais.

“Buscamos manter a criança com vínculo com a escola. Um trabalho da equipe toda para que as atividades fossem realizadas mesmo à distância, e agora dando continuidade com o retorno presencial de nossos alunos”, disse Adriana Dibbern Capicotto, diretora pedagógica da pasta, em nota divulgada pela Prefeitura.

Fotos: Pixabay ( no canto superior) e Prefeitura de Limeira (interna)

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