A Justiça de Limeira determinou neste domingo (13) a prisão preventiva de um homem que é investigado de tentar contra a vida da própria esposa. O crime e a prisão ocorreram entre a noite de sábado e a madrugada de hoje, no bairro do Pinhalzinho, zona rural de Limeira.
Era perto de meia-noite quando a Polícia Militar esteve no local após o investigado agredir fisicamente sua companheira e efetuar tiros, na frente das filhas. A vítima apenas não se feriu com maior gravidade porque o indiciado errou o alvo e, após a violência, deixou o local.
Pouco tempo depois, ele retornou e os policiais estavam no imóvel. Ao notar a presença dos agentes, jogou a arma no chão – trata-se de um revólver Taurus calibre 38 carregado com uma munição intacta – e se entregou com as mãos para cima. Detido, ele foi apresentado na delegacia e o delegado plantonista Assis José Cristofoletti o autuou em flagrante por violência doméstica e tentativa de feminicídio.
Com a prisão em flagrante, neste domingo a promotora Aline Moraes apresentou à Justiça o pedido de prisão preventiva do investigado e, para convencer o juiz da necessidade da conversão, a promotoria citou o relato da vítima, que descreveu o histórico violento do companheiro, de quem ela não se separou com receio de perder a vida.
“ELE ME CAÇAVA COM A ARMA”
A mulher descreveu que há algum tempo não tem bom relacionamento com o então companheiro, que, segundo ela, faz uso de drogas e fica agressivo quando mistura com álcool, como ocorreu na noite de sábado.
Há cerca de um mês o investigado chegou armado em sua casa e ameaçou a todos, dizendo que “muitas lágrimas iriam rolar naquele local” e que, caso fosse preso, iria matar a todos deixasse a prisão.
A vítima não chegou a denunciar as ameaças anteriores, mas disse que ele não aceitaria a separação, pretendida por ela diante do quadro de agressividade do companheiro. Na ocorrência de ontem, as três filhas assistiram ao episódio, que, além da violência contra a mulher, terminou com objetos como televisão, guarda-roupa, aparelho da internet, celular e lavadora de pressão danificados. Ainda no depoimento, ela descreveu que o companheiro a caçava com a arma de fogo em volta da casa quando ela fugia dele. Para ela, restava gritar por socorro policial.
O depoimento constou na representação da promotora Aline, que foi além. “Como se vê, a conduta agressiva do indiciado não se trata de episódio único. Pelo contrário, vem ocorrendo há muito tempo e na data de ontem por muito pouco ele não conseguiu seu objetivo de ceifar a vida da própria companheira, que, vale frisar, vive num verdadeiro estado de violência doméstica. Nota-se, ainda, a inexistência de qualquer pudor por parte do indiciado, que, sem titubear, efetuou mais de um disparo de arma de fogo contra a sua companheira e mãe das suas filhas. E se o indiciado agiu aqui dessa forma, de certo terá comportamento ainda pior se solto permanecer, tudo levando a crer que de fato colocará em prática novamente seu desiderato criminoso e ceifará a vida da vítima”, citou ao pedir a prisão preventiva do investigado.
O pedido foi analisado pelo juiz Lucas Eduardo Steinle Camargo, que converteu o flagrante em preventiva. “Embora primário, é notória a facilidade com que caminhoneiros conseguem obter ilicitamente armas de fogo, em regra, para a defesa pessoal nas perigosas estradas brasileiras. Contudo, neste caso concreto, tal circunstância colocaria a vítima em situação muito desfavorável psicologicamente em relação a seu ofensor que, como bem reportado pelo parquet [promotoria], faz sérias e reiteradas ameaças de morte contra a própria família, de modo que sua soltura apressada certamente incentivaria a reiteração criminosa do agente em questão e colocaria em descrédito e desânimo todos os profissionais da segurança pública e a comunidade limeirense”, decidiu.
O inquérito do caso será instaurado pela Polícia Civil e deve tramitar na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). A defesa pode tentar o relaxamento da prisão no Tribunal de Justiça (TJ), por meio de habeas corpus.
Deixe uma resposta