Todo conhecimento do Mundo

por Fernando Bryan Frizzarin

Onde está todo o conhecimento do mundo? Pare de ler por aqui mesmo, por alguns minutos, e pense: caso você queira ter acesso a todo o conhecimento existente em nosso planeta, onde você acha que irá encontrá-lo?

Ok, volte e continue a ler que darei meu ponto de vista.

Quando era criança, até parte da adolescência, não havia a internet. Todo o conhecimento do mundo vinha através das aulas na escola, da TV, do rádio ou de livros. Livros esses que incluíam dicionários e enciclopédias.

Conto isso para meus filhos e eles ficam espantados. Acham que eu nasci mais ou menos uns 200 anos atrás, e isso não faz um pouco mais de 40 anos!

E é assim que as pessoas se educaram e conheceram o mundo: através da curadoria de outras pessoas. Se aquele conhecimento estava em uma enciclopédia, por exemplo, é porque um grupo de editores se reuniram, pensaram, fizeram a curadoria de tudo o que tinham disponível das mais diversas fontes e resolveram colocar em um livro. Ou uma série deles. Enciclopédias, ao contrário de dicionários, sempre são um conjunto de muitos livros. É muito conhecimento para um só volume.

Ao contrário daquela época, hoje acredito que, na enciclopédia, não estava todo o conhecimento do mundo do momento, mas o conhecimento que um grupo de pessoas achou que deveríamos saber. E isso tem me incomodado hoje em dia.

A professora fazia uma pergunta, colocava algum tema qualquer para pesquisa, desafiando-nos a buscar o conhecimento. Bastava abrir a enciclopédia e tudo o que precisávamos estava lá. Incrível! Não, não é incrível. A professora, possivelmente, pensava no tema a partir do conhecimento do qual tinha acesso, ou seja, a mesma enciclopédia ou quaisquer outros livros disponíveis.

O problema é que fazemos o mesmo hoje. Mesmo com a internet. Desafiamos a partir de desafios que já vencemos, realizamos uma curadoria, mesmo que inconsciente, e passamos para frente aquilo que estamos acostumados a ter contato.

Nesse caso, me peguei pensando no caso dos dicionários. Ao contrário da enciclopédia, onde alguém teve que escolher que conhecimento iria estar lá, o dicionário tem todas as palavras possíveis, existentes e imagináveis? Todo “conhecimento” das palavras está em um dicionário?

Oras, penso que não. Há muitas palavras e significados a serem inventadas ainda, mas você não consegue pensar em nenhuma, porque, acredite, é extremamente difícil pensar em algo que não existe ainda. Se conseguir, pronto: terá inventado uma palavra nova. E, por falar em nova, ainda estou com a ideia de palavras ao contrário para o caso da TV transparente. Para novas, “savon”, e para nova, “avon”. Pronto, inventei as minhas. Acho que não, já pensaram nisso antes.

Na internet, tem todo o conhecimento do mundo atual? Talvez sim, talvez não, o problema é quem irá fazer a curadoria disso tudo para termos certeza? E, durante a curadoria, há a possibilidade de algumas coisas que sejam “menos interessantes” ou não sejam do interesse corrente ficarem de fora.

Minha dica é que fuja das curadorias dos 10 filmes para assistir e entender os anos 1990. 10 lugares para visitar antes de morrer. 100 livros para ler durante a vida. Isso tudo é alguém pensando por você. Fuja disso.

Exponha-se a novas experiências, leia coisas que pensa que jamais leria, assista TV de Big Brother a Peppa Pig, de Jornal Nacional a Jovem Pan. Não tenha lado, tenha conhecimento. Desafie-se.

Tenha uma ideia e trate de estudar como realizá-la, mesmo que nunca vá. Uma coisa levará a outra, e outra te levará a um universo de coisas que, se dependesse da curadoria de outras pessoas, o conhecimento real jamais chegaria até você.

Fernando Bryan Frizzarin é professor, escritor, inventor, é Gerente do Suporte Técnico da BluePex Cybersecurity S/A, Diretor Técnico e Operacional na Fábrica de Inovação de Limeira e professor do ensino superior nas FATECs Araras e Americana, SP. Formado em Ciência da Computação, Especialista em Redes, Psicopedagogo e MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação. Autor, coautor ou participante de vários livros na área de computação e literatura. Depositário de patente, marca e de diversos registros de programas de computador como autor ou coautor em cooperação com colegas de trabalho ou alunos. Membro imortal da Academia Mundial de Letras da Humanidade sucursal Limeira, SP. Foi laureado com o Diploma Pérola Byington da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste e Professor Universitário Inovador da Câmara Municipal de Limeira.

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