
David Henrique de Santana Pereira, de 38 anos, morreu em março de 2025, um mês depois ser linchado em via pública. Na segunda-feira (7/4), a Justiça de Limeira (SP) recebeu denúncia do Ministério Público (MP) e abriu ação penal contra três homens, que passam a ser réus. Todos estão presos após o linchamento.
O linchamento ocorreu em 26 de fevereiro, nas ruas Vereador Samuel Berto (Jd. Orestes Veroni) e Vito Modesto Mastro Rosa (Jd. São Pedro). David recebeu golpes de pedaços de madeira e pedras, além de socos e chutes. Ficou um mês no hospital e morreu em 26 de março.
A investigação policial identificou três participantes do crime. Segundo o promotor Rafael Fernandes Viana, eles passaram a perseguir David nas ruas. Um dos acusados empunhava uma ripa de madeira; outro trazia pedras nas mãos; e o terceiro os seguia, na retaguarda.
D. era usuário de drogas. Quando os algozes o alcançaram, os golpes começaram. A vítima teve ferimentos na cabeça, no rosto e em outras partes do corpo.
Mesmo ferido, ele escapou e rumou até uma doceria. Lá, gritou para que os frequentadores acionassem a polícia, já que queriam matá-lo. Logo após, o trio e mais uma pessoa não identificada entraram no recinto e continuaram a agressão com pedaços de pau. A proprietária do estabelecimento pediu para que parassem, sem sucesso.
Após deixarem David desfalecido e ensanguentado, todos saíram da doceria. E fizeram um alerta à proprietária: quando a polícia chegasse, era para informar que a vítima tinha cometido crime contra uma criança. Os PMs encontraram David com sangramento intenso e desacordado. E também apreenderam pedaços de madeira.
Participação no linchamento
A partir das características físicas, a polícia identificou o primeiro envolvido e, em seguida, outros dois. Logo após, a Justiça decretou a prisão preventiva do trio. Com a morte de David, eles vão responder por homicídio duplamente qualificado: emprego de meio cruel (notável brutalidade) e sem chance de defesa.
“Não há dúvidas, contudo, de que os denunciados assumiram o risco de produzir a morte da vítima, demonstrando total indiferença, apesar da previsibilidade do resultado”, escreveu o promotor na denúncia.
O juiz Fábio Augusto Paci Rocha, da 1ª Vara Criminal, recebeu a denúncia e abriu prazo para que os réus apresentem respostas à acusação, no prazo de 10 dias.
Foto: Diário de Justiça
Rafael Sereno é jornalista, escreve para o Diário de Justiça e integra a equipe do podcast “Entendi Direito”. Formado em jornalismo e direito, atuou em jornal diário e prestou serviços de comunicação em assessoria, textos para revistas e produção de conteúdo para redes sociais.
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