Por João Geraldo Lopes Gonçalves
Devotos do ódio: basta
A polarização política desencadeada no início da segunda década deste século trouxe retrocessos imensos ao Estado Democrático de Direito. Golpe de 2016, eleição de um fascista na presidência, perda de direitos e um discurso e prática de ódio ao diferente, estúpida e sem sentido.
Esta semana foi o julgamento de um cidadão que assassinou outro por razões políticas. Fato ocorrido no Rio Grande do Sul. A justiça prevaleceu neste caso, dando cadeia ao sujeito de 20 anos. Porém, muitos casos ainda estão impunes, mesmo com legislação e a própria Constituição prever crime e punição.
Um dos maiores tem sido o da transfobia. O Brasil é o país que mais mata transexuais e travestis no mundo. Estamos no décimo quinto ano seguido liderando o ranking mundial. São assassinados a cada três dias uma pessoa trans. Muitos destes crimes não são sequer julgados. Sem falar as agressões físicas e morais.
Esta semana a cidade de Limeira, ou melhor, alguns devotos do ódio espalharam seu veneno e violência nas redes sociais. O motivo foi a vereadora Isabelly Carvalho. Eleita Procuradora Adjunta da Procuradoria da Mulher, internautas invadiram a página do perfil da Câmara Municipal e espalharam acusações e ofensas.
Em nome de uma suposta liberdade de expressão, vomitam, até em nome de Deus, heresias e violência.
A Constituição Federal garante a liberdade de manifestação, mas desde que não fira os direitos individuais das pessoas. O mesmo artigo 5º que garante a liberdade também define princípios. Um deles é: todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
Já o Código Penal prevê limitações na liberdade de expressão tipificando como crime calunia, injúria e difamação. Determina penalidades, entre elas prisão. A Comunidade LGBTQ+ e, em especial a vereadora Isabelly, merece respeito.
O discurso de ódio e seus devotos devem ser penalizados por ações criminosas como estas. Defendo que os movimentos sociais e populares da sociedade não só repudiam estes atos (e já estão fazendo) como busquem a responsabilidade criminal.
Não só a sociedade deve se manifestar, como a Câmara Municipal, politicamente e judicialmente (até o momento não há nenhuma palavra, nem do presidente ou da procuradora).
Basta de devotos do ódio.
Toda a solidariedade a vereadora Isabelly Carvalho.
Trump: o monstro do Lago Ness
Penso que muita gente conhece a lenda do lago Ness. Localizado na Escócia, o lago traz uma lenda que traz antecedentes reais. Na década de 1930, hóspedes de um hotel aos arredores do lago afirmaram ter visto uma criatura estranha. Um misto de um réptil com focinho de jacaré e enorme.
Na mesma década, um fotógrafo afirma ter tirado uma foto da criatura (nunca mostrou). Com tanta repercussão e curiosidade, cientistas do mundo todo se deslocaram para o lago e nada encontraram. Mas a lenda se popularizou e o local é visitado por turistas de todo o mundo.
Donald Trump é parecido com este monstro. Espalha diariamente pavor e terror. Porém, Trump é real e seu vocábulo monstruoso não é de brincadeira ou lenda.
As eleições de novembro do ano passado o cacifaram para colocar em prática a política intervencionista, fundamentalista e fascista que sempre defendeu.
A concepção imperialista e intervencionista destes primeiros dias de Casa Branca aparece como novidade para muita gente. Esperava-se um repeteco de seu primeiro mandato. Um Estados Unidos mais isolacionista, protegendo sua economia, diminuindo o poder do Estado internamente e perseguindo minorias e imigrantes. Portanto, voltado para si mesmo.
Os videntes e analistas de plantão erraram e feio. Pelas primeiras ações, Donald Trump busca o sonho americano da extrema direita: o imperialismo.
Por que não Trump I, hein?
O cara já falou de invadir a Groenlândia, o canal do Panamá, a Holanda, anexar o Canadá e mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América. Diz que vai acabar com a Guerra da Ucrânia, beneficiando a Rússia do crime organizado. Afirmou que vai expulsar os palestinos da faixa de Gaza.
Tenta destruir a economia de vários países, com aumento nas taxas de importação de produtos, atingindo inclusive o Brasil.
O monstro do lago Ness da atualidade, além de real, vive no lago da Casa Branca. Mas uma coisa é o querer e os desejos do monstro.
A outra é saber se não haverá caçadores deste monstro?
Entre Neymar e Sócrates, eu fico com o segundo
No clássico entre Santos e Corinthians esta semana, Neymar Jr. voltou a jogar mal. Mas não deixou sua arrogância e molecagem de lado, justificou sua péssima performance na bola: era ruim.
O rapaz, que é barbado, mais de trinta anos e ainda é chamado de menino pela imprensa corporativista, ganha horrores e nos últimos anos tem entregado pouco no campo de jogo. Mas fora dele usa de uma verborragia individualista, egoísta e personalista.
No ano passado, antes das Olimpíadas de Paris, o prefeito de uma cidade próxima da “cidade luz” inaugurou uma rua com o nome de um dos atletas mais importantes de nossa História. Falo de Sócrates Brasileiro, o Dr. Sócrates.
O prefeito justificou que a escolha não foi por ter sido um jogador excepcional e fora de série. Mas por suas posições políticas e visões de mundo. E aí fiz uma rápida pesquisa na rede comparando algumas posições de Neymar e Sócrates:
Democracia: Sócrates foi um dos líderes dos esportes na luta pelo fim da Ditadura Militar e por Eleições Diretas. Neymar apoiou Bolsonaro e não se manifestou sobre a tentativa de golpe de 8 de Janeiro de 2023.
Melhor que Pelé: Sócrates afirmou que não é perfeito, por isto não será maior que Pelé. Neymar afirmou que, sim, será maior que o Rei.
Jogar na Europa: Sócrates, quando foi jogar na Fiorentina da Itália, disse que esperava aprender muito com a cultura e com a história dos europeus. Pretendia ser um ser humano melhor. Neymar sempre demonstrou interesse por grana e muita farra com os parças e declarações desastrosas.
Sobre escritores brasileiros: Sócrates dizia que devorava toda a literatura do Brasil. Para ele, nossos escritores eram os melhores do mundo. Neymar afirmou que não os lê, porque são todos comunistas.
Concentração: Sócrates era contra, pois acreditava que o jogador precisa se relacionar com o mundo para ser um bom atleta. Neymar defende a concentração, desde que tenha um jogo de videogame.
Bem, agora sabem por que prefiro Sócrates, né?
Um bom final de semana a todas, todos e todes.
João Geraldo Lopes Gonçalves, o Janjão, é escritor e consultor político e cultural.
Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar
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