Tiro de ladrão entrou no cano da pistola usada por PM morto em Rio Claro

O Instituto de Criminalística (IC) de Rio Claro finalizou a análise da arma que era usada pelo policial militar cabo Tom Robson Leite Barros, morto no final do mês passado após ser alvejado por um criminoso que tinha acabado de tentar um roubo, no Jardim Paulista I. Na ocasião, houve questionamentos quanto à provável pane na pistola usada pelo PM e peritos constataram que a munição disparada da arma do ladrão entrou no cano da pistola.

O laudo foi requisitado pelo delegado Aroldo Cezário Diniz, do 1º Distrito Policial de Rio Claro, e foi assinado pelos peritos Suéllen Kathiane Fernandes Vilas Bôas e Alfredo Luiz Chiarelli Butolo. Na requisição, o delegado questionou ao IC para que respondesse, após análise pericial, se houve falha ou pane mecânica da arma do policial; qual foi causa ou motivação da falha ou pane; em que consistiu a falha ou a pane e se havia indícios de que a arma efetuou disparo anterior a suporta falha apresentada.

Ao ter acesso à arma, a perita verificou que o ferrolho estava deslocado à retaguarda o suficiente para manter a câmara de ejeção aberta, pois havia um cartucho enroscado, levemente inclinado em relação ao eixo do cano. “Mais precisamente com a base discretamente para cima e com o projétil discretamente para baixo. Cumpre salientar que o cartucho estava corretamente posicionado em relação à arma, ou seja, com a base voltada para o pino percutor e o projétil voltado para a culatra do cano”, descreveram.

Após a remoção do cartucho enroscado, foram feitos testes com a arma e ela funcionou corretamente, ou seja, se mostrou apta à realização de disparos em experimentos realizados em sequências lentas e rápidas.

Foram identificadas marcas no aro da boca do cano com substância prateada. No ferrolho, também tinham essas marcas, bem como no interior do cano. “Os esfregaços de substância prateada supracitados eram compatíveis com aqueles comumente produzidos por embate de projéteis de chumbo contra superfícies metálicas”, verificou o IC.

ANÁLISE DOS CARTUCHOS
Após análise da pistola, a perita passou a avaliar os cartuchos. Cada um foi pesado e o peso médio deles era de 17,05 gramas. “Seis dos cartuchos íntegros extraídos do carregador vertical foram eficazmente disparados com a própria pistola objeto de exame deste laudo, sendo três disparos em sequências rápidas e três em sequências lentas”, completaram.

O cartucho que estava enroscado na câmara de ejeção da arma examinada apresentou peso igual a 19,40 gramas, ou seja, maior que o peso médio dos demais cartuchos. Além disso, o projétil dele tinha massa de chumbo aparentemente excedente. “Foi possível constatar que a massa de chumbo existente no projétil era realmente excedente, estranha a ele, porque foi removida com sucesso. A referida massa de chumbo pesava 2,35 gramas, portanto a diferença exata de peso entre este cartucho e os demais”, pontuou a perita.

CONCLUSÃO
No laudo enviado à Polícia Civil, os peritos concluíram que um projétil disparado por arma de fogo chocou-se contra a boca do cano e a parte anterior do ferrolho da pistola, chegando a se fragmentar. Conforme o IC, um fragmento do projétil entrou no cano da pistola pela boca e chocou-se contra o projétil do cartucho que estava alojado na câmara do cano e, devido ao choque, o fragmento de projétil acabou incrustado na cavidade do projétil da arma do PM.

Ainda conforme o IC, o cartucho alojado na câmara do cano e o ferrolho da pistola foram movidos para trás, situação que deixou o cartucho atingido desalinhado em relação ao eixo do cano da pistola. “O formato do fragmento de projétil e o desalinhamento do cartucho, supracitados, impediram que o ferrolho reintroduzisse o cartucho na câmara do cano, causando o travamento da arma”, finalizaram.

O documento já está em posse da Polícia Civil, que o incluirá no inquérito e, posteriormente, remetê-lo à Justiça.

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