Pós-Covid pode causar sequelas graves nos olhos

A primeira pessoa a alertar sobre a existência de uma possível epidemia viral foi o oftalmologista chinês Li Wenliang, que, mais tarde, faleceu em decorrência da infecção pelo Sars-Cov-2. O que originou a suspeita foi o aumento de casos de conjuntivite (que podem estar atreladas a algumas doenças respiratórias) entre os moradores da cidade de Wuhan. Desde então, já descobrimos que, além de apresentar a inflamação da conjuntiva como um dos sinais da doença, o olho também pode ser uma das vias de contaminação.

Alterações na retina causadas pelo Novo Coronavírus
Nos estudos publicados notou alterações na retina em alguns pacientes infectados pelo Coronavírus. Na fase inicial, foram observados adultos e que não precisaram de cuidados intensivos. Desses, a maioria não apresentavam nenhuma comorbidade. As avaliações foram feitas entre 11 e 33 dias após o surgimento dos primeiros sintomas da Covid-19.

Em todos os participantes que apresentaram alterações visuais foram detectadas lesões na retina.

A informação de cerca de 31% dos pacientes com quadros críticos da infecção pelo Novo Coronavírus, apresentam complicações trombóticas, muito provavelmente causadas pela resposta inflamatória do organismo contra a doença (e não diretamente pela ação do vírus). Como a retina é um dos tecidos mais metabolicamente ativos do corpo e sua circulação terminal é bastante sensível a eventos isquêmicos, esses resultados podem ser um espelho do que acontece em outros órgãos devido à Covid-19.

É possível que a retinopatia, doença que provoca danos na retina, surja pelo aumento na pressão arterial e o enfraquecimento dos vasos causado pela medicação. A covid-19 também induz o aumento da glicemia e a coagulação sanguínea, que são fatores de risco para a retinopatia. Já a catarata ocorre quando a parte interna do olho fica opaca, provocando diminuição significativa da visão. O oftalmologista, dr. Waldemar D’Ambrósio Neto, explica que os medicamentos aplicados contra o coronavírus podem trazer risco de desenvolvimento de catarata não só para idosos, mas para pacientes de qualquer idade.

Interrupção de tratamentos de outros problemas oculares devido à Covid-19
Até o momento, o maior impacto da pandemia do Novo Coronavírus sobre a saúde ocular tem sido a descontinuação de tratamentos e a falta de acompanhamento de problemas preexistentes. Cirurgias eletivas foram canceladas e muitos pacientes, com receio de se contaminarem na ida ao consultório, deixaram – e ainda deixam – de ir a consultas e procedimentos, agravando o quadro de doenças oculares crônicas.

Exposição a telas
Um outro efeito indireto da pandemia é a Síndrome Visual Relacionada a Computadores, causada pelo excesso de tempo que passamos em frente a computadores, tablets e celulares devido ao isolamento social e às atividades de home office.

De acordo com o Dr. Waldemar, a síndrome apresenta sintomas como cansaço visual, causado pelo ressecamento ocular; sensação de corpo estranho; ardência; dor; irritação; vermelhidão e turvação visual.

Nesse sentido, o médico oftalmologista deve aconselhar seus pacientes a realizarem pausas de cinco a dez minutos por cada hora em frente à tela e descansar por um tempo maior a cada quatro horas. Também é recomendada a aplicação de colírio hidratante de duas a quatro vezes por dia.

Ainda não há evidências de danos permanentes devido aos problemas oculares causados pela Covid-19. No entanto, alerta-se para a importância de realizar o exame de fundo de olho nos pacientes que testaram positivo para o Novo Coronavírus, mesmo que esses não notem nenhuma alteração na capacidade de enxergar.

Com a chegada da vacina e com os indivíduos sentindo-se mais confortáveis em sair de casa para atividades não essenciais, cabe ao médico oftalmologista garantir um atendimento seguro para si e seus pacientes, seguindo todas as recomendações para contornar os danos causados pela interrupção dos tratamentos.

O médico ainda recomenda a supervisão regular da saúde: “A única maneira de enfrentar esses problemas é um acompanhamento médico constante para evitar danos maiores à visão. O fundamental é ir ao oftalmologista”.

Waldemar D’Ambrósio Neto é médico oftalmologista e atende em Limeira e Cordeirópolis, na Clínica de Olhos D’Ambrósio.

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