por Farid Zaine
@farid.cultura
Ao longo do ano assistimos a muitos filmes e colocamos a análise deles aqui neste espaço, chamado “Cláusula Cultural”. Na época de seus lançamentos, esses filmes mereceram comentários e críticas e a avaliação de cada um, entre uma e cinco estrelas. Os melhores, com 5 e 4 estrelas, estão na lista que colocamos aqui, e já na matéria em que foram analisados, foram destacados suas qualidades e o potencial para a atual temporada de premiações. Como previsto, muitos já foram premiados, alguns surgiram nas indicações do Globo de Ouro e outros já confirmaram presença nas shortlists do Oscar 2023. Vejamos quais são os melhores filmes de 2022, em ordem alfabética:
ARGENTINA, 1985 – A Argentina sofreu com uma das mais violentas ditaduras militares da América do Sul. Agora, em 2022, o país é novamente sacudido pelos efeitos dessa ditadura , mas de outra forma: estreou por lá nos cinemas e está ao alcance das pessoas de mais de 240 países, via Prime Video, o longa “Argentina, 1985” , dirigido por Santiago Mitre, com Ricardo Darín no papel do promotor Strassera e Peter Lanzani como o advogado Ocampo, os responsáveis pela condenação da Junta Militar que foi responsável pelas maiores atrocidades cometidas no país, durante o regime militar. Um fato inédito e de repercussão mundial. Filme indispensável.
AVATAR: O CAMINHO DA ÁGUA – O perfeccionismo de James Cameron volta a ficar evidente na impressionante continuação de “Avatar”, o revolucionário longa de 2009 do diretor de “Titanic”. Com grande parte da sequência do filme rodada sob a água, “Avatar : O Caminho da Água” é deslumbrante, mas também mantém sua história de interesse ecológico na defesa da vida, e agora na união da família. Com Sam Worthington, Zoe Saldana, Kate Winslet e Sigourney Weaver. Para ser visto numa sala equipada com ótima qualidade de som e imagem, em 3D e legendado, se possível. Em cartaz nos cinemas.
BARDO: FALSA CRÔNICA DE ALGUMAS VERDADES – Direção de Alejandro González Iñárritu. Não se pode esperar coisa ruim de um diretor que tem no currículo “Birdman”, “Babel”, “Amores Brutos” e “O Regresso”, entre outros. “Bardo” já é um dos destaques do ano, embora com certa divisão da crítica. O longa representa o México na categoria Melhor Filme Internacional, e já está na shortlist dos 15 semifinalistas. Uma história que costura memórias, sonhos, pesadelos, ao contar a trajetória de um jornalista mexicano, radicado nos EUA, que é o primeiro profissional da área sul-americano a receber a maior láurea do jornalismo da América. Com passagens visualmente belíssimas, o novo filme de Iñárritu é, sim, polêmico, mas sem deixar de exibir a marca de gênio do cineasta. Em cartaz na Netflix.
ELVIS – Direção de Baz Luhrman. O filme estrelado por Austin Butler e Tom Hanks , numa edição frenética bem ao gosto do diretor de Moulin Rouge, entrega uma biografia emocionante de um dos mais amados ícones do rock de todos os tempos. Butler está magnífico como Elvis Presley, e a carreira do cantor não deixa de ser revisitada desde o aprendizado dele, na adolescência, com a música gospel. O filme está disponível na HBO Max.
MARTE UM – Direção de Gabriel Martins. O garoto Cícero Lucas cai como uma luva para criar Deivinho, personagem apaixonante, mesmo com suas poucas palavras. É em Deivinho que “Marte Um” encontra a melhor explicação para sua proposta, que é a de mostrar a importância de manter vivo um sonho, mesmo quando tudo parece colaborar para que ele se perca. As soluções do roteiro e da direção funcionam perfeitamente para que o filme transcorra com comovente simplicidade, apesar de tratar muitos temas ao mesmo tempo. Tudo isso é acentuado por competente fotografia, ótimo elenco e pela linda trilha sonora criada por Daniel Simitan. Representante do Brasil no Oscar 2023, infelizmente ficou de fora da shortlist da categoria. Disponível para aluguel no streaming e em cartaz nos cinemas.
MEDIDA PROVISÓRIA – Com Taís Araújo, Alfredo Enoch, Adriana Esteves e Seu Jorge. O longa , dirigido por Lázaro Ramos, é inspirado no livro “Namíbia Não”, de Aldri Anunciação, e é uma história de ficção que se passa num futuro distópico aqui no Brasil, gênero também pouco explorado pelo cinema nacional. Nele, um movimento no Congresso Nacional quer aprovar uma espécie de “indenização” aos negros por séculos de trabalho escravo. O que acaba não acontecendo, claro. Em seguida, é decretada uma medida provisória que determina que os negros retornem aos países da África, como forma de compensar o fato de terem sido tirados de seus lugares de origem. Disponível no Globoplay.
NADA DE NOVO NO FRONT – A primeira guerra mundial é vista neste espetacular drama de Edward Berger, que soube captar como ninguém a tragédia que roubou milhões de vidas e interrompeu o sonho de jovens seduzidos por um patriotismo ilusório, que os conduziu à lama e ao sangue das trincheiras. Magnificamente fotografado, é o representante da Alemanha no Oscar 2023, dirigido por Edward Berger– Com Felix Cammerer e Daniel Brühl – Disponível na Neflix.
O MENU – Direção de Mike Mylod – Com Anya Taylor-Joy e Ralph Fiennes: Um grupo de pessoas recebe convites para participação em um jantar numa ilha onde fica um restaurante mais do que especial. Cheio de violência em sua crítica social bem colocada, “O Menu” traz sequências impressionantes e confirma o talento de Anya-Taylor Joy, lançada ao estrelado mundial na série “O Gambito da Rainha”. Ralph Fiennes, como sempre, brilhante. Em cartaz nos cinemas.
PINÓQUIO – Mais político que outras versões, o longa de animação de Guillermo del Toro encontrou na Itália opressora de Benito Mussolini o período ideal para situar a história o mais próximo possível da criação original de Carlo Collodi. E, não por acaso, mexe com o fascismo para torná-la, infelizmente, muito atual . Direção de Guillermo Del Toro e Mark Gustafson , já despontando como um dos favoritos da categoria no Globo de Ouro e no Oscar. Animação em stop-motion disponível na Netflix.
TUDO EM TODO O LUGAR AO MESMO TEMPO – Direção dos Daniels (Daniel Kwan e Daniel Sheinert). A grande – e ótima – surpresa do ano é esse filme mirabolante sobre a vida da proprietária de uma lavanderia decadente, Evelyn Wang, interpretada por Michele Yeoh, que está soberba no papel, acompanhada pelo ótimo Ke Huy Quan (Waymond) , que foi o garoto de “Indiana Jones e o Templo da Perdição” e “Os Goonies”, e agora adulto se revela um talentoso ator. Excelente também é Stephanie Hsu, que vive Joy, a filha homossexual de Evelyn, e também a destrutiva vilã Jobu Tupaki. Um destaque no elenco é a participação hilária de Jamie Lee Curtis, como a auditora da Receita Federal que inferniza a vida de Evelyn, que é repentinamente lançada num turbilhão de emoções que incluem vidas em universos paralelos. Disponível para aluguel em várias plataformas.
Numa lista mais ampliada, ainda poderíamos colocar a aventura eletrizante “Top Gun – Maverick”, um triunfo de Tom Cruise que pode ser visto em várias plataformas, e o filme indiano “RRR – Revolta, Rebelião, Revolução” (Netflix), uma mistura de drama histórico, com lutas acrobáticas surreais magnificamente coreografadas.
Ao escrever esse artigo, ainda faltam os lançamentos dos dias 30 e 31 de dezembro para conferir. Portanto, alguma coisa pode mudar. Viva o cinema. Viva a arte. Viva a cultura!
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