por Fernando Bryan Frizzarin
Toda empresa de base tecnológica, independentemente de seu ramo específico, tem como objetivo central criar tecnologias e, principalmente, proteger suas invenções. Ao assegurar essa proteção, a empresa impede que concorrentes utilizem suas criações, garantindo assim a exclusividade e o potencial de exploração comercial dessas inovações.
Isso é verdade também para a Meta e seu Facebook. Desde sua entrada no mercado em 2012, o Facebook tem registrado milhares de patentes que revelam um desejo crescente de conhecer a fundo o comportamento e as preferências dos usuários.
Em uma rápida consulta no Google Patents é possível verificar que várias dessas patentes exploram técnicas para analisar expressões faciais usando a câmera frontal do celular, monitorar sons ambientes através do microfone e até mesmo prever grandes eventos de vida, como casamentos ou mudanças de status financeiro.
Embora o Facebook afirme que nem todas essas ideias serão implementadas, as patentes fornecem uma visão do que os cientistas da computação, em especial de dados, estão buscando entender, conhecer e coletar de seus usuários para transformar tudo em negócios.
Um patente mostra como se deseja realizar a classificação de personalidade do usuário (U.S. Patent No. 9,740,752 – https://patents.google.com/patent/US9740752B2/en?oq=U.S.+Patent+No.+9%2c740%2c752) avaliando traços de personalidade, como extroversão e estabilidade emocional, com base nas postagens e mensagens dos usuários. Essa análise seria usada para direcionar anúncios e conteúdo personalizado.
Outra patente deseja realizar previsão de eventos futuros considerando o uso de dados de localização e transações para prever eventos significativos na vida de um usuário, como nascimento, morte ou formatura (U.S. Patent Application No. 12/839,350 – https://patents.google.com/patent/US20120016817A1/en?oq=U.S.+Patent+Application+No.+12%2f839%2c350).
O Facebook também quer criar uma identificação única das imagens geradas pelo seu telefone celular a partir de assinaturas exclusivas de câmeras, como pixels defeituosos, riscos na lente ou outras imperfeições para identificar o seu dispositivo e determinar relações entre pessoas que utilizam o mesmo aparelho (U.S. Patent Application No. US20120072493A1 e U.S. Patent No. 8,472,662 – https://patents.google.com/patent/US8472662B2/en?oq=U.S.+Patent+No.+8%2c472%2c662).
Outra patente quer monitorar o ambiente onde você está (U.S. Patent Application No. 14/985,089 – https://patents.google.com/patent/US10516746B2/en?oq=U.S.+Patent+Application+No.+14%2f985%2c089) sugerindo o uso do microfone do celular para monitorar o consumo de mídia, identificando programas de televisão e analisando se anúncios foram assistidos com som ou não.
Tem outra ainda (U.S. Patent Application No. 15/203,063 – https://patents.google.com/patent/US10616720B2/en?oq=U.S.+Patent+Application+No.+15%2f203%2c063) que discute a criação de notificações para alertar outros usuários sobre alterações na rotina de um amigo, com base na localização e nos horários de movimentação do celular.
Há ainda a patente para inferência de hábitos sociais (U.S. Patent No. 9,369,983 – https://patents.google.com/patent/US9369983B2/en?oq=U.S.+Patent+No.+9%2c369%2c983) que propõe monitorar as localizações frequentes de um usuário para deduzir os amigos mais próximos, além de calcular o tempo de sono pela inatividade do telefone.
E por aí vai.
Embora algumas patentes possam ser registradas por precaução, visando impedir que concorrentes explorem as mesmas ideias, a amplitude das patentes do Facebook revela uma tendência clara e concisa de coleta e análise de dados pessoais.
Com bilhões de usuário ativos, o Facebook possui uma imensa base de dados pessoal. Ouro digital. O céu é o limite para quem tem tantos dados a disposição para serem explorados como bem entender.
Fernando Bryan Frizzarin é professor, escritor, inventor, é Gerente do Suporte Técnico da BluePex Cybersecurity S/A, Diretor Técnico e Operacional na Fábrica de Inovação de Limeira e professor do ensino superior nas FATECs Araras e Americana, SP. Formado em Ciência da Computação, Especialista em Redes, Psicopedagogo e MBA em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação. Autor, coautor ou participante de vários livros na área de computação e literatura. Depositário de patente, marca e de diversos registros de programas de computador como autor ou coautor em cooperação com colegas de trabalho ou alunos. Membro imortal da Academia Mundial de Letras da Humanidade sucursal Limeira, SP. Foi laureado com o Diploma Pérola Byington da Câmara Municipal de Santa Bárbara d’Oeste e Professor Universitário Inovador da Câmara Municipal de Limeira.
Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar
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