Microsoft em Limeira: Câmara se mobiliza por informações

A vinda de um datacenter da Microsoft voltou à pauta da Câmara Municipal de Limeira (SP) nos debates na primeira sessão da Legislatura 2025-2028. Três requerimentos pedem informações ao Executivo sobre a instalação da empresa, que ocupou o debate público ao longo do segundo semestre de 2024 por conta da mudança de zoneamento na área rural para permitir a implementação do projeto.

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A vereadora Tatiane Lopes (Avante) pediu toda a documentação existente sobre a instalação do datacenter. Ela perguntou se, no primeiro mês da gestão de Murilo Félix (Podemos), houve contato com representantes da Microsoft e se a empresa, de fato, virá para Limeira. Também pergunta se pode ser iniciativa do Executivo a revogação da lei que alterou o zoneamento em 2024.

“Fui favorável à mudança, mas, se for necessário, podemos retomar a discussão para voltar ao zoneamento antigo [rural]”, justificou Tatiane. Mara Isa Mattos Silveira (PL) seguiu a linha da colega. “Fui uma entusiasta da vinda da empresa, mas, na votação, disse que poderíamos trabalhar por nova mudança no zoneamento caso a empresa não viesse. Esperamos e torcemos para que ela venha”, resumiu.

Sumiço de documentos da Microsoft

O requerimento de Waguinho da Santa Luzia (Progressistas) questiona se houve, de fato, sumiço dos documentos referentes à mudança de zoneamento e que envolvem a Microsoft. E se foi aberta sindicância para apurar os fatos. Até a edição do Jornal Oficial desta quarta-feira (5/2), não houve publicação de portaria de sindicância neste sentido.

No plenário, Waguinho citou que houve pressão do Executivo para que os vereadores votassem a mudança no zoneamento. Por conta disso, parlamentares foram cobrados após não votarem o projeto em regime de urgência especial por falta de informações. “Causa preocupação [eventual sumiço], porque era para estar na mesa de alguém. Agora corre conversa de que a empresa não virá mais. Essa Casa precisa de uma explicação”.

Nilton Santos (Republicanos) se queixou. “Era notório que havia algo obscuro na história. Sumiço de documentos é grave, é um crime. A atual administração deve tomar cabíveis. Precisamos de informações para saber se fomos ludibriados por um jogo político e a população saber se foi usada como manobra para achincalhar vereadores, criando a pecha de que eram contrários ao progresso da cidade”.

Tratativas foram reais, diz vereador

Estevão Nogueira (Avante), que era diretor da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Turismo e Inovação na gestão de Mario Botion, confirmou que as tratativas foram reais. “Fico triste quando vejo pessoas falarem de coisas obscuras, arquitetadas com cunho político. O negócio sempre existiu. Acho justa a reversão do zoneamento, mas faço coro para que a empresa venha”.

Assista vídeo com as falas de Nilton e Estevão:

Estevão sugeriu que Murilo “assedie” a Microsoft com as ferramentas que ela oferece. Citou que o prefeito analisa projeto voltado à educação do Google, concorrente da Microsoft, mas que esta última também tem seus instrumentos. “Isso pode reforçar a aproximação com a cidade”, justificou.

O outro requerimento partiu do vereador Felipe Penedo (PL). Ele pediu o envio de cópia integral de dois processos administrativos que têm como interessado a empresa Saf Play Consultoria Empresarial. Trata-se da empresa de consultoria imobiliária que indicou Limeira para receber o datacenter da multinacional da área de tecnologia.

O que diz a Prefeitura?

Ao DJ, a Prefeitura de Limeira, por meio da Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Inovação, informou que, quando a nova gestão assumiu em janeiro, não encontrou nenhum documento que se referia diretamente à Microsoft. No entanto, haviam no sistema quatro processos administrativos sobre a negociação de um terreno para a instalação de um datacenter.

Conforme a nota, encontraram as pastas de três processos logo no início, enquanto a quarta estava extraviada. “Após solicitação de instalação de sindicância junto ao jurídico, o aludido procedimento foi localizado. A administração ainda está analisando os documentos”.

Foto: Pixabay

Rafael Sereno é jornalista, escreve para o Diário de Justiça e integra a equipe do podcast “Entendi Direito”. Formado em jornalismo e direito, atuou em jornal diário e prestou serviços de comunicação em assessoria, textos para revistas e produção de conteúdo para redes sociais.

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