Maioria tem medo de contaminação nas escolas e sofre com falta de apoio para aulas remotas

Pesquisa realizada pelo instituto Vox Populi, a pedido do Sindicado dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp), mostra que 85,6% dos professores, 81,8% dos pais e 76,1% dos alunos têm medo da contaminação pela Covid-19 no retorno às aulas presenciais. As aulas remotas são alternativa neste período de pandemia, mas a mesma pesquisa mostra que este público envolvido não teve apoio do poder público.

A pesquisa ouviu 3.600 pessoas em todo Estado, entre professores (1.500), pais (1.500) e estudantes de ensino médio (600), entre junho e julho deste ano. O estudo tem recortes por capital, região metropolitana e interior, e também por níveis de ensino – educação infantil, ensino fundamental e médio. O objetivo, conforme a Apeoesp, foi levantar os impactos da pandemia na educação pública.

As aulas virtuais foram reprovadas pela comunidade escolar – professores (66,9%), pais (74,7%) e alunos (73,9%).

Para os professores, houve mais trabalho, segundo 49,2% dos entrevistados, chegando a jornadas de até 10 horas. Em contrapartida, os alunos estudaram menos segundo os pais (87,3%), o que foi confirmado pelos estudantes do ensino médio: 84,1% declaram ter se dedicado menos às aulas virtuais. Na média, os pais afirmam que seus filhos estudaram apenas 2,5 horas por dia.

O estudo demonstra que a falta de apoio do governo estadual foi a responsável por essa aparente contradição. Menos da metade dos professores teve treinamento mínimo para dar aulas pela internet e precisaram se reinventar para transmitir os conteúdos aos estudantes.

Segundo a pesquisa, mais da metade dos entrevistados declaram que não receberam do poder público infraestrutura física para trabalharem ou estudarem remotamente, como equipamentos de Tecnologia da Informação, pacote de dados para acesso à Internet ou mesmo help desk do governo ou da escola para as aulas remotas. Entre os pais dos estudantes, essa reclamação chega a 73,8%, ou seja, dois terços. Entre os do ensino médio, 63,2% também não tiveram este apoio. Entre os professores, 54,3%. Ainda segundo os pais, 15,1% dos filhos deixaram de estudar por falta de acesso à Internet ou por necessitarem trabalhar e ajudar na renda da família.

As dificuldades também estiveram nas unidades escolares, sem estrutura para aula remota. Segundo 50,5% dos professores ouvidos, em plena era da tecnologia, as escolas onde trabalham não têm salas com acesso à internet, computadores ou câmeras de vídeo disponíveis para as aulas. Este índice sobe para 70,2% na percepção de pais e 61,5% na avaliação dos estudantes do ensino médio.

Entre os estudantes de ensino médio, 42,5% não têm acesso a computadores. A maioria (94%) teve disponível o celular para acompanhar as aulas virtuais, muitas vezes compartilhado com outro membro da família.

Volta às aulas presenciais no dia 2

Conforme a Apeoesp, a Secretaria de Estado da Educação, apesar de ter determinado a volta no dia 2 de agosto para todos os professores às escolas da rede estadual, não divulgou um plano de adaptação das unidades escolares aos protocolos sanitários seguros e nem um planejamento pedagógico para recuperar o déficit de aprendizagem dos estudantes.

De acordo com a pesquisa Vox Populi, para professores ainda há o problema da imunização contra a Covid: apenas 44,6% dos docentes tomaram as duas doses da vacina e 5,5% ainda não tomaram nenhuma dose. Boa parte dos docentes também depende do transporte público para chegar ao trabalho.

Foto: Pixabay

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