O juiz Ulisses Augusto Pascolati Junior, da 2ª Vara Especializada em Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores, recebeu a denúncia do MPSP contra 16 pessoas, incluindo advogados e um policial civil, decorrente da Operação Fast Track, deflagrada pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Os acusados vão responder por organização criminosa, lavagem de dinheiro, receptação, corrupção ativa e corrupção passiva. No transcorrer das investigações, o Gaeco detectou que um integrante do Primeiro Comando da Capital mantinha na célula jurídica da facção 47 advogados ativos em 24 Estados e no Distrito Federal.
Entre novembro de 2018 e setembro de 2020, a facção desembolsou aproximadamente R$ 6 milhões para a manutenção da chamada “sintonia dos gravatas”. Os pagamentos eram feitos com valores em espécie, por meio de múltiplos depósitos fracionados, a partir de sete agências bancárias da zona leste de São Paulo, com distribuição para todo território nacional. O fracionamento impedia a identificação dos depositantes e da origem dos recursos. Em mais de duas centenas de depósitos, a facção inseriu dados falsos, indevidamente atribuídos aos depositantes.
O PCC, com valores oriundos de atividades ilegais, pagava mensalmente aos advogados, que eram contratados por seus assistidos, mas pela própria organização criminosa, subordinando-se diretamente a um dos líderes nacionais da facção. Dentre as atividades ilícitas desempenhadas pela célula, foram identificados atos de pagamento de propinas a agentes públicos, transmissão de mensagens por meio de atendimentos em estabelecimentos penitenciários – o que viabilizava a gestão continuada da facção e do tráfico de drogas –, além de práticas de ameaça e cobranças de dívidas relacionadas aos negócios da organização criminosa.
Os dados coletados no âmbito da Operação Fast Track serão compartilhados com os grupos especiais de 24 unidades do Ministério Público no país.
Os trabalhos se desenvolveram com apoio do Departamento Penitenciário Nacional, do MPDFT, do MPRN, do MPRO e da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Foto: Divulgação
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