“Império Da Noite”: “Morcegão” vira réu por chefiar tráfico em Limeira

A Justiça de Limeira, no interior paulista, abriu ação penal contra R.F.S., conhecido como “Morcegão” ou “Da Noite”, acusado de ser um dos chefes do tráfico em toda a região. Além dele, mais seis pessoas viraram réus, entre eles dois irmãos que comandam um núcleo do tráfico na cidade, como o DJ já mostrou. Embora integrem grupos diferentes, “Morcegão” e os irmãos atuam numa espécie de consórcio do crime que a Polícia Civil descobriu.

A nova denúncia partiu do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) de Piracicaba. Considerado um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) em Limeira (SP), “Morcegão” foi preso em 26 de dezembro quando saía de um cruzeiro em Santos. A prisão, que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) manteve, teve repercussão nacional.

Em seguida, em 15 de janeiro, a Operação Ostentação apreendeu bens do acusado e do grupo. Entre eles, um imóvel de alto padrão, um terreno em condomínio de alto padrão, uma propriedade rural em Limeira e bens de luxo, como uma lancha de 32 pés equipada com dois motores V8 de 350 HP e duas motos aquáticas, de R$ 300 mil.

O império “Da Noite” – um dos vários apelidos de R. – se descortina na denúncia do Gaeco em mais de 100 páginas. A desarticulação da quadrilha ocorreu aos poucos, com o avanço dos trabalhos da Delegacia de Investigações Gerais (DIG). A Polícia Civil fez prisões, sequestro de bens e apreensões de drogas e anotações de contabilidade do tráfico.

Poder de comando de “Morcegão”

Os sete réus são responsáveis pelo abastecimento massivo de “biqueiras” em Limeira. A polícia prendeu parte do grupo, entre eles os dois irmãos, em maio de 2024. Logo após, a partir dos celulares, a DIG detectou diálogos que demonstram as ramificações do grupo e, especialmente, o poder de comando de “Morcegão”.

Atuante no tráfico em Limeira, “Morcegão” também é um dos responsáveis por abastecer a favela de Paraisópolis, em São Paulo. O grupo vai responder pelos crimes de tráfico e associação para o tráfico. “Morcegão” também será julgado por organização criminosa, crime pelo qual os demais já respondem em outro processo.

A investigação apontou diversas evidências, incluindo as análises dos celulares, transcrições de conversas entre os integrantes e informações por meio de inteligência policial.

À Justiça e com base no trabalho policial, o Gaeco detalhou, então, a participação de cada um deles na associação para o tráfico de entorpecentes. Durante a apuração, a polícia localizou meia tonelada de cocaína, a maior apreensão de drogas dos últimos 10 anos na região, envolvendo valores milionários.

Prisões preventivas

“Entre as regiões do tráfico está a região 019 [macrorregião de Campinas], da qual Limeira faz parte, [“Morcegão”] seria um dos membros beneficiados pela espécie de ‘consórcio’ de entorpecentes que [os dois irmãos] gerenciam para o PCC, utilizando de [um líder, que também virou réu] para o auxiliar na logística e armazenamento dos ilícitos”, escreveu o juiz Guilherme Lopes Alves Lamas, da 2ª Vara Criminal, no decreto de prisão preventiva contra seis dos sete acusados.

No último dia 14, o magistrado recebeu a denúncia e abriu prazo de 10 dias para que os réus apresentem respostas à acusação.

Foto: Divulgação/Governo de SP

Rafael Sereno é jornalista, escreve para o Diário de Justiça e integra a equipe do podcast “Entendi Direito”. Formado em jornalismo e direito, atuou em jornal diário e prestou serviços de comunicação em assessoria, textos para revistas e produção de conteúdo para redes sociais.

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