Fragmentos do cenário

Por João Geraldo Lopes Gonçalves

Chique né, o colunista aqui tirar umas férias? Na verdade, fui tratar um pouco mais da saúde e pensar projetos para este ano de 2025.

Quero agradecer os três anos escrevendo nossas elucubrações mentais neste diário. Isto é possível pelo espaço dado por meus amigos, Renata Reis e Denis Martins. Acreditaram em nossas doideiras escritas. Desejo a vocês sucesso maior ainda a este veículo importante para nossa cidade e para a democracia.

Trump: o monstro da lagoa

Janeiro marcou a posse do ultradireitista Donald Trump nos Estados Unidos. Depois de uma vitória acachapante sobre sua adversária democrata Kamala Harris, até antes de empossado, Trump já mostrava seu estilo, matador, exterminador.

O protecionista imperialista

Ficam claras as intenções do novo governo americano (ou velho). Resgatar a liderança do mundo. Retornar aos velhos tempos de polarização. É nós, a nação do bem, contra o resto, do mal. O imperialismo americano, independente de quem está no poder ou não, é um arrasta quarteirão.

Aliança com a tecnologia

Trump, já nas primeiras horas de sua campanha, anunciou os apoios dos trustes da indústria do Vale do Silício. Elon Musk aportou rapidinho na tribo. Não demorou muito para Mark Zuckerberg e outros darem sinal de apoio ao trumpismo. O fim da moderação baseada nos direitos humanos, na ética e no respeito. Agora vale tudo nas mídias sociais.

Acumulação de riquezas

As primeiras medidas (ataques) do governo americano visam à economia e acumulação de riquezas, utilizando discursos de sanções e penalizações como forma de negociar as vantagens. O discurso de costumes, moralista e xenófobo, é a cortina de fumaça para o domínio da política econômica.

Absurdos

Invadir a Groenlândia, anexar o Canadá, tomar Gaza, mandar palestinos para outros lugares, os tirando de suas terras. A política desumana de deportação. Não medidas apenas para agradar à torcida de ultradireita. Elas contêm uma concepção de mundo, o qual, como já dissemos, não vem de hoje.

Reação do mundo

Mas os ataques trumpistas não estão deixando o resto do mundo sem reação. O pagamento na mesma moeda de China, México e Canadá, no aumento das taxas de importação, força o governo americano a negociar ou a respeitar no caso chinês. Os protestos na América Latina e na Europa contra esta política começam a ser ouvidos e sentidos.

Lula

O presidente tem agido com serenidade, diante das medidas e ameaças Americanas. O episódio dos 80 deportados, onde repudiamos as algemas e correntes, foi importante. A proteção de nosso mercado econômico também se faz necessário. Exportamos para os “States”. Qualquer queda neste quesito são empregos e vidas afetadas por aqui.

O agro tem que colaborar

O agronegócio é o maior exportador de produtos do Brasil. Vende em dólar, acumula muito e produz muito pouco para o consumo interno. O aumento dos alimentos de primeira necessidade são frutos desta queda de produção interna. Hora de mudar o jogo.

O governo tem que propor

Não são apenas as taxas de juros que complicam nossa economia. Se o argumento do Banco Central é de que a taxação é para segurar a inflação, a lógica é o reajuste estrondosos dos alimentos. Para isto, o governo deveria propor linhas de crédito a juros baixos através do BNDES, para financiamento da agricultura familiar. Também é necessário avançar na Reforma Agrária. Não é inventar a roda.

Bolsonarismo mente

Na abertura do ano legislativo, bolsonaristas copiaram Trump e apareceram no Congresso com bonés com a inscrição “Alimentos baratos novamente”, “Bolsonaro 2026”. A frase não condiz com a realidade do governo do inelegível. Só para se ter uma ideia, no último governo Bolsonaro, a inflação daquele ano (2022) chegou a 12%. Já os dois anos Lulistas não passou a inflação de 4,5%.

E o Pix?

A mentirada da taxação do PIX e a ineficiência do governo de explicar a medida como ela exatamente era deu fôlego para o bolsonarismo e a extrema direita retornarem com suas loucuras antidemocráticas. Com a eleição de dois membros do Centrão para presidências da Câmara e do Senado, o papo de anistiar golpistas do 8 de janeiro volta à cena. Bolsonaro voltou a verborragia sobre o assunto. Não acredito que ocorra a anistia.

Novo prefeito de Limeira

Durante a campanha eleitoral, Murilo Félix buscou ao máximo se diferenciar do pai no discurso, bem como evitando estar ao lado dele. Ganhou a simpatia de muitos que acreditaram e ainda acreditam ser um Félix nada a ver com seu genitor.

Promessas e secretariado

Murilo prometeu mundos e fundos durante a campanha, inclusive um secretariado competente e técnico. Por competência, penso em ético. Mas ao anunciar os nomes, muitos estiveram nos governos de seu pai e alguns envolvidos em escândalos, como da apostila da educação, merenda escolar e outros.

Já as promessas

O orçamento da cidade para este ano ultrapassa R$ 2 milhões. Mas se formos buscar as promessas de Murilo, precisaríamos do dobro. Espero que ele possa mesmo cumprir este rol de intenções.

Dívidas da Prefeitura

Praticamente em um mês, nada de novo foi apresentado por Murilo a frente da Prefeitura. As chamadas dívidas deixadas por seu antecessor ganham até agora mais importância que pensar em investimentos.

Por que não representa o prefeito anterior?

Contratos atrasados por falta de pagamentos, empréstimos milionários, estes são alguns dos montantes das dívidas do Município. Pelo que sei, o prefeito anterior Mario Botion não veio a publico informar sobre a situação deixada no orçamento. Também não se tem conhecimento de representações judiciais de Murilo Félix contra a administração passada sobre o caos alega ter na administração. É a pergunta que não quer calar.

A política higienista

Na semana passada, uma força tarefa, formada por assistentes sociais, guardas municipais e outros, em conjunto com o prefeito Murilo Félix, fez ações no Centro da cidade, com a ideia de remover a população de rua daquele local. O discurso é de que quer devolver as cidades de origem estes moradores.

A afirmação de Murilo é que estes moradores não são de Limeira. A pergunta é: com que base foi realizado levantamento ou pesquisa para se chegar a esta conclusão?

Limpeza onde o padre passa

Murilo afirmou que, no Centro, ele não quer mais moradores de rua. E o restante da cidade?

Política humanitária

Ao invés de retornar aos tempos do higienismo do início do século XX, Murilo Félix deveria pensar em políticas de inclusão e humanitárias. Para começar, fornecer abrigos mais centralizados com água e alimentação. Realizar força tarefa de serviços de saúde, higiene pessoal e outras. Acolher a todos, independente se são ou não de Limeira. Pensar em uma política habitacional e de frentes de trabalho.

Toda a solidariedade a Milton Nascimento

Na festa do Grammy, o prêmio máximo da música mundial Milton Nascimento foi indicado na categoria melhor álbum de jazz. Seu disco Milton + Esperanza, com a americana Esperanza Spading, muito bom e lindo, merecia mais respeito. Milton é PCD e idoso, merecia estar na cerimônia nas acomodações vip e mais confortáveis. A organização do evento o colocou nas arquibancadas. O artista não compareceu e com razão.

A obra é maravilhosa. Tem canções dos dois artistas. Regravações com a dos Beatles “A Day in The Life” e outras. Pura mistura de bossa, jazz, música mineira e americana. O disco você encontra nas plataformas digitais.

Livro de memórias

Lançamos esta semana, em parceria com o professor José Claudinei Lombardi, o Zezo, ex-secretário de Educação de Limeira, o texto “Contribuição à memória da esquerda no interior conservador do Estado de São Paulo: Limeira”. O texto faz parte da coletânea “Uma História das Esquerdas no Interior Paulista”.

Nosso trabalho compreende nossas memórias afetivas e coletivas, no período da ditadura militar. A militância na Igreja, nos sindicatos, nos bairros, no recém Partido dos Trabalhadores e os eventos em que eu e Zezo estivemos envolvidos ou tomamos conhecimento em Limeira.

A obra se encontra online. Nossa participação tem início na página 65. Acesse neste link.

Bom final de semana a todas, todos e todes.

João Geraldo Lopes Gonçalves, o Janjão, é escritor e consultor político e cultural.

Os artigos assinados representam a opinião do(a) autor(a) e não o pensamento do DJ, que pode deles discordar

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