Ensino jurídico no contexto da pandemia do coronavírus

Por Carolina Pontes

Debater aspectos acerca da qualidade e forma de ensino jurídico no Brasil já é um desafio em virtude das demandas regionalizadas, do Exame de Ordem, da pluralidade de leis que os egressos encontram no momento que saem dos bancos acadêmicos. Imaginem como é debater esse tema diante do contexto que mudou, em menor ou maior grau, a rotina de todos os brasileiros?

Calendário de Exame de Ordem adiado, atividades práticas e o contato entre professor e aluno de forma remota, estágio remodelado às novas formas de se aprender e viver o Direito, especialmente, no ambiente acadêmico.

O fato é que tivemos que nos adaptar. O estudo não parou, ao contrário, pois o Direito se move para responder às demandas da sociedade e há tempos não estivemos diante de uma situação em que o Direito foi tão necessário para dirimir as dúvidas suscitadas naturais desse período.

A sociedade não deixou de exigir suas respostas e o Direito é uma ciência que tem muito a contribuir para elas. Nesse sentido, professores levaram para a sala de aula novas questões a serem encaradas pelos futuros operadores do Direito. E levaram de forma diferente, por meio de salas virtuais, de aproximação por meio de ferramentas digitais. De suas casas, professores de todo país buscaram estar perto de seus alunos, garantindo que o aprendizado não parasse.

Novos desafios surgiram, pois a infraestrutura de tecnologia não estava disponível para todos, mas os esforços para que ninguém ficasse para trás foram feitos. Atendimento via e-mail, WhatsApp, facilitação de contato, diminuição entre o espaço existente na relação de aluno-professor para que o ensino não parasse.

E a partir de agora? Essas mudanças vieram para ficar? As rotinas foram modificadas em caráter definitivo? Honestamente, espero que não. As implantações tecnológicas foram necessárias para o momento e muitas das ferramentas poderão auxiliar o cotidiano a partir daqui, entretanto, nada pode substituir as relações humanas. O ambiente acadêmico é salutar.

A convivência e a troca de experiências formam o espaço que permite maior grau de cognição e são essenciais para um curso estritamente da carreira de Humanas. Dinâmicas atreladas à metodologia ativa, o Tribunal do Júri Simulado, a frequência e a pesquisa na biblioteca são algumas das práticas que enriquecem o curso de Direito.

A verdade é que a sala de aula é o palco do aprendizado e o aluno deve ser o protagonista dessa travessia.

Carolina Pontes é advogada e professora universitária. Doutoranda em Direito Político e Econômico na linha de pesquisa “A cidadania modelando o Estado”, na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Mestre em Direitos Fundamentais, Difusos e Coletivos pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Especialista em Direito Público e MBA em Administração Pública e Gestão de Cidades pela Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes. Membro associado ao Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Direito (CONPEDI) com artigos publicados no Brasil e em Portugal.

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