Empresas de papel e celulose querem parcelar reajuste salarial e sindicato alerta para risco de greve

Representantes da Federação Papeleira de São Paulo estiveram na manhã desta quarta-feira (27) em frente à Suzano Papel e Celulose, em Limeira, para explicar aos trabalhadores o drama que tem sido negociar o reajuste salarial com a entidade que representa as empresas. Além de oferecer contraproposta de 9% no reajuste, percentual abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) que neste ano chegou a 10,78%, as empresas querem parcelar em três vezes, inclusive o abono.

Presidente da Federação, José Roberto Vieira Campos Junior, o Betinho, explica que em 2020, ano da pandemia, a categoria aceitou parcelar em duas vezes, mas ressalta que não pode se tornar uma prática comum. De acordo com ele, as empresas de celulose e papel não paralisaram. “Os trabalhadores operacionais continuaram a trabalhar enquanto outros, de outras atividades e segmentos, permaneceram em home office. As pessoas se expuseram ao vírus e muitos foram infectados. Agora, as empresas precisam valorizar e reconhecer a dedicação destes trabalhadores”.

Betinho conta que desde 1º de outubro tenta renovar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), sem sucesso. Já foram realizadas quatro rodadas de negociação, sempre com valores de contraproposta abaixo do INPC.

A próxima rodada de negociação acontece nesta quinta-feira (28) e o objetivo é conquistar o aumento real. “Agora, com a alta da inflação, perda do poder de compra, o achatamento salarial, nada mais que justo que estes trabalhadores sejam reconhecidos”.

Caso não haja acordo nesta quinta, Betinho afirma que há risco de paralisação. Os trabalhadores foram comunicados da possibilidade.

União de esforços

Representantes de 22 sindicatos da Federação participaram do ato em frente à Suzano.

Pedro Molena, presidente do sindicato da categoria em Jundiaí, ressaltou que na mesa de negociação todos os argumentos possíveis para um bom acordo foram apresentados, mas não surtiu efeito. “A classe patronal não se sensibilizou. Então, agora o único diálogo é em porta de fábrica e, talvez, o impacto financeiro com uma possível paralisação dos trabalhos possa ser a saída”.

Márcio Cruz, do sindicato de Mogi das Cruzes, pontuou o fato de as empresas acabarem forçando o sindicado ir às portas de empresas, mesmo num momento de pandemia, para mostrar a realidade das negociações. Ele reforçou o lucro da categoria, já que não foi afetada pelas restrições impostas pela pandemia e, em contrapartida, a falta de consideração da classe patronal.

José Benedito Pôncio, do sindicato de Araras, acredita que o trabalhador hoje está amedrontado porque, para ele, a própria situação política do País leva a esta insegurança. “Estamos fazendo um trabalho de conscientização, mostrando a realidade de uma mesa de negociação e a necessidade de união dos trabalhadores com o sindicato num momento decisivo como este”.

O que é reivindicado:

A Federação Papeleira quer: reajuste salarial; reposição INPC do IBGE, mais 3% de aumento real; piso salarial R$ 2.100,00 ; abono indenizatório R$ 2.700,00; cesta de alimentos R$ 626,00; manutenção dos postos de trabalho durante o período da pandemia; combate ao assédio moral, sexual e a qualquer forma de discriminação.

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