E a CPI da Covid: pizza ou responsabilidades?

Por João Geraldo Lopes Gonçalves

Este escriba mantém uma coluna no Facebook há seis anos com o título “Pergunta que não quer Calar”. Elaboramos questões sobre temas conjunturais e perguntamos a opinião das pessoas, que frequentam nosso perfil. Ela é semanal e vai ao ar todas as terças feiras.

Bom, terminado o “merchan”, vamos ao conteúdo desta semana. No dia da instalação da CPI da Covid-19 ou da Pandemia, perguntamos se a mesma resultaria na famosa expressão “pizza” ou se algum encaminhamento de responsabilidades, inclusive apontando para o impeachment, seria a conclusão.

Confesso que me surpreendi com as respostas nas várias redes sociais que frequento, pois compartilhei nelas. A resposta é uma tremenda de uma “pizza”, que não servirá para nada.

Penso que a falta de fé nos políticos brasileiros pode responder o porquê de se acreditar na suculenta comida Italiana. Ausência de credibilidade que elegeu Bolsonaro, inclusive. Surpreso, pois imaginava que, com a configuração da CPI no Senado, onde a oposição, e não bolsonaristas, representa sete votos contra quatro do governo e o relator Renan Calheiros é ferrenho opositor, a população, pelo menos meus amigos na rede, estaria mais confiante.

Confiança que aumenta quando órgãos, como o Tribunal de Contas da União, trazem sérios apontamentos concluindo pela negligência do governo bolsonarista no combate à Covid-19. Ao ler o relatório do TCU, damos conta da aposta que o governo fez desde o início da pandemia; no primeiro discurso do relator da CPI, conclui-se por um genocídio premeditado.

O tribunal aponta três questões fundamentais:

1) a ausência de um Planejamento Nacional de Combate ao Vírus que unificasse Estados, Municípios e União. Ao contrário disto, o governo federal foi se eximindo de responsabilidades na condução do processo;

2) Lentidão na compra de Materiais, como respiradores, por exemplo. O caso mais trágico foi o do Estado do Amazonas – com a falta deste equipamento, dezenas de pessoas vieram a falecer;

3) Não há Plano Nacional de Vacinação conciso, articulado com a nação como um todo e objetivo. Há ausência de vacinas e a suspeita de que o governo federal recusou oferta de compra no ano de 2020. E tem dificultado iniciativas dos governadores na aquisição das vacinas.

No primeiro dia da CPI, os onze membros apresentaram juntos 173 requerimentos, a maioria abordando temas do relato do TCU. O senador Renan Calheiros, em seu discurso, define bem o que se tem que evitar com esta CPI: a narrativa de uma agenda da morte, baseada no negativismo, na irresponsabilidade e nas ameaças ao Estado Democrático de Direito.

Penso que a CPI não terminará em “pizza” e pode causar desgastes políticos, ou mesmo forçar mudanças de ritmos e condução do governo federal. Pessoalmente, acredito mais na primeira situação, pois Bolsonaro preserva atitudes não civilizatórias para manter uma base conservadora. Mas vamos aguardar os próximos capítulos.

João Geraldo Lopes Gonçalves, o Janjão, é escritor, consultor político e cultural

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